São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995 |
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Doce com gostinho amargo A inflação, medida em São Paulo pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, vem caindo de modo praticamente ininterrupto desde meados de novembro. É uma boa notícia que, segundo os economistas da própria fundação, deve repetir-se em fevereiro. O resultado parcial de 1,12% de variação ao mês equivale a uma inflação anual de 14,3%. É um número ainda alto se comparado ao comportamento dos preços nos países desenvolvidos, ainda que já mais próximo desses padrões. Para o Brasil, entretanto, esse resultado seria excepcional. Desde 1958, medida então pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor do IBGE, a inflação só uma vez foi inferior a essa projeção, em 1973, quando os preços subiram 13,8%. É claro que por enquanto trata-se apenas de uma extrapolação. A taxa teria de ficar efetivamente em torno dos 1,12% ao mês por 12 meses para que se comemorasse com realismo uma inflação anual singularmente baixa para a história das inflações brasileiras. E apesar das previsões de que as variações de preço continuarão modestas, a incipiente estabilização da economia não está consolidada. Não se pode negar, entretanto, que os resultados de dezembro e janeiro guardam semelhança com períodos de rara estabilidade de preços. Desde o pós-guerra, o Brasil só viveu sob inflações inferiores a 20% ao ano na década de 50 e por três anos no início da década de 70. E deve-se lembrar que, além de razões econômicas, nesse último período a inflação foi contida graças à vigência de um regime político altamente autoritário. Crescer com inflação baixa resume grande parte das metas econômicas de uma nação. Nesses termos, são muito bons os resultados obtidos até agora. Seria ilusório supor, entretanto, que os atuais instrumentos de contenção de preços podem ser indefinidamente mantidos. As altíssimas taxas reais de juros e a vertiginosa deterioração da balança comercial são graves problemas. O México o demonstrou. Texto Anterior: Às reformas Próximo Texto: Herança pesada Índice |
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