São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Empresário suíço elogia Dorothéa
CLÓVIS ROSSI
Essa frase, do empresário suíço Max Amstutz, foi dita à ministra Dorothéa Werneck quando ela saía ontem do salão Aspen, no Centro de Congresso de Davos, após debate sobre a América Latina. Amstutz, da Holderbank Financiere Glaris, maior fabricante mundial de cimento e concreto, havia prometido uma pergunta "rude" a dois dos três ministros latino-americanos presentes. Além de Dorothéa, estavam Hermínio Blanco Mendoza (Indústria e Comércio do México) e Guido di Tella (chanceler argentino). O empresário quis saber se também México e Brasil desmantelariam as "vacas sagradas" que di Tella havia dito que a Argentina demolira, referindo-se, por exemplo, à venda da petrolífera YPF. Dorothéa respondeu que "mais do que vender empresas estatais, o Brasil necessita de capitais estrangeiros para investimentos", especialmente em infra-estrutura. Acrescentou que era improvável haver no mundo os US$ 100 bilhões que, na sua conta, valeriam 'às grandes companhias estatais" brasileiras. Mas era possível levantar recursos para parcerias. Amstutz se deu por satisfeito, a ponto de elogiar depois a ministra. Não estava sozinho, de todo modo, em expressar confiança no Brasil. Antes de o debate começar, o diretor da Volkswagen mundial, o espanhol José Lopez de Arriortua, disse que vai a São Paulo, dia 23, para anunciar "cositas". Pressionado, não quis antecipar as "cositas", limitando-se a dizer que seria "uma surpresa muito agradável" (para os brasileiros). Antes mesmo de Dorothéa desembarcar anteontem à noite em Davos, ela havia negociado com a Mercedes-Benz novos investimentos no Brasil. "As negociações estão bem encaminhadas", disse à Folha, fugindo, no entanto, dos detalhes. O que fica nítido, à primeira vista, é que a crise mexicana afeta o Brasil pelo lado do capital especulativo, o chamado "hot money", mas nem tanto pelo investimento direto produtivo. O francês Jacques Lefevre (empresa de cimento Lafarge Coppee, 30.572 empregados) confirma essa impressão, ao dizer: "O governo brasileiro parece focalizar mais os fundamentos da economia do que essa bolha financeira" (decorrente da crise mexicana). O problema é que, pelos dados do Banco Mundial, nos anos 90, entrou no Brasil bem mais "hot money" do que investimento direto, teoricamente mais saudável. Texto Anterior: Crédito é operação psicológica Próximo Texto: Cuia ou comadre Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |