São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Senado vai examinar empréstimo ao México

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado quer examinar a proposta, anunciada anteontem pelo governo, de conceder empréstimo de US$ 300 milhões ao México –país que atravessa grave crise econômica.
O presidente da Comissão, senador João Rocha (PFL-TO), diz que vai convocar o ministro da Fazenda, Pedro Malan, para explicar o empréstimo. A operação, afirma, terá que ser submetida ao Senado.
Segundo o artigo 52 da Constituição, o Senado tem a função de "autorizar operações externas de natureza financeira de interesse da União, dos Estados, do DF, dos Territórios e dos Municípios".
Segundo Rocha, a convocação de Malan ocorrerá logo que o governo oficialize a intenção de fazer o empréstimo.
A intenção do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é convocar também o presidente do Banco Central, Pérsio Arida, e o ministro do Planejamento, José Serra.
Serra, segundo Suplicy, deve explicar "se o empréstimo é mais prioritário do que os projetos que ele vem cortando no Orçamento".
O deputado Roberto Campos (PPR-RJ) acha que a contribuição do Brasil ao México será "simbólica". "Será parte de um pacote maior de ajuda ao México, com participação dos Estados Unidos".
Campos acha que o aporte de recursos não será um empréstimo, mas um fundo para dar garantia aos títulos mexicanos. "Pelo que eu entendi não haverá desembolso de recursos."
Nesse caso, segundo a Folha apurou, a operação poderá não ser submetida ao Congresso, por não se tratar de um empréstimo externo propriamente dito.
O deputado Aloísio Mercadante (PT-SP) diz irá propor nesta semana a discussão na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara sobre o empréstimo.
Mercadante conta que para conceder o empréstimo de US$ 40 bilhões ao México, os norte-americanos estão exigindo dez anos de fornecimento de petróleo como contrapartida e o Brasil não tem o que reivindicar.
Para Adauto Pousa Ponte, presidente da Abifa (Associação Brasileira de Fundição), o problema mexicano é causado por perdas dos especuladores internacionais. "Há pressão dos governos para que se cubra o prejuízo com a poupança da sociedade. Sou contra."
Segundo o empresário, o dinheiro que o Brasil deslocaria para o México traria retorno social importante para o país.
Ney Bittencourt, presidente da Agroceres, e Juarez Rizzieri, coordenador do IPC- da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), acham que a iniciativa é mais uma ação política para pressionar o Congresso dos EUA.

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