São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Advogado critica fim da CEI

XICO SÁ
DO ENVIADO ESPECIAL

O advogado Modesto Carvalhosa, ex-componente da extinta CEI (Comissão Especial de Investigação), diz que o presidente Fernando Henrique Cardoso colocou "a raposa para cuidar do galinheiro".
Dessa forma, o advogado e professor da USP (Universidade de São Paulo) critica a atuação dos órgãos internos de controle do governo. "Não fiscalizam nada, esbarram no corporativismo dos funcionários", afirma.
Carvalhosa é do PSDB, fez campanha para FHC e confessa que está decepcionado com o destino que a CEI teve nas mãos do presidente. A comissão, criada por Itamar Franco em 1994, foi extinta nos primeiros dias de governo.
Na opinião do advogado, o fim do grupo –formado por representantes da sociedade civil– representa uma vitória das empreiteiras e de aliados de Fernando Henrique, como os políticos do PFL.
A CEI chegou a ameaçar as maiores empreiteiras do país de torná-las inabilitadas para concorrências públicas por um período de cinco anos.
Não cumpriu a promessa, mas os membros da comissão avaliam que os processos enviados para o Ministério Público Federal serão suficientes para denunciar as construtoras.
Comandada pelo general Romildo Canhin, ex-ministro da Secretaria de Administração Federal, a CEI produziu também um documento que ficou conhecido como "Livro Branco da Corrupção".
No texto, os autores narram casos em que teriam acontecido irregularidades, mas as empreiteiras, por exemplo, não foram citadas nominalmente. Aparecem nas páginas como empresa "A", empresa "B" etc.
Segundo Carvalhosa, a idéia do livro era somente mostrar os caminhos por onde anda a corrupção dentro da máquina pública e as suas ramificações com as empreiteiras.
"Nos documentos enviados ao Ministério Público apontamos todas as provas", diz o advogado. O maior foco de corrupção, de acordo com o ex-membro da CEI, é o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem).
(XS)

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