São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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O futuro do dólar

DEMIAN FIOCCA

Será difícil reverter a tendência de redução e eventual déficit na balança comercial apenas com estímulos às exportações. Reconhecendo ou não que a valorização do real frente ao dólar foi um erro, está bastante claro que ela precisa ser corrigida.
Certo ou não, o governo aparentemente convenceu-se de que uma correção brusca causaria grande incerteza, podendo gerar fuga de capitais. O mais provável é que a meta seja deixar o dólar subir lentamente, em um ritmo próximo ou inferior à inflação.
Pelas prováveis intenções do governo, os juros pagos nas aplicações em reais devem continuar bem maiores que a variação da taxa de câmbio.
Expressa indiretamente pelo presidente do Banco Central, a noção de que em momentos de instabilidade o melhor é não fazer coisa alguma provavelmente levou ao adiamento desse "deslizamento" do dólar. Espera-se a "poeira baixar" depois da crise mexicana.
Se, porém, a ajuda dos EUA ao México não ocorrer ou, passada a eleição presidencial de maio, a dolarização argentina não aguentar, haverá no ar bem mais poeira do que hoje.
O grande volume de reservas não endossa avaliações alarmistas do Brasil. Mas a crise externa deverá impor o ritmo das mudanças.

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