São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Qualidade é óbvia, defende a Texaco Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Qualidade não é palavra nova no vocabulário da Texaco Brasil, distribuidora de petróleo.
A empresa sempre se preocupou com a qualidade de seus produtos, antes mesmo da onda de qualidade total e da busca de certificados ISO 9000 (que asseguram à empresa um grau de qualidade para produtos ou serviços).
As afirmações são de Clovis Gouvêa, diretor da Texaco Brasil e coordenador do programa de qualidade total na empresa.
Ele falou sobre "Qualidade: o óbvio que nem todos percebem" a uma platéia de cerca de cem pessoas na última segunda-feira no auditório do jornal.
Sua palestra integra o ciclo "A Busca da Qualidade Total", promovido pela Folha.
A Texaco faturou no ano passado cerca de US$ 2 bilhões. Tem 1.500 funcionários e 20% do mercado de lubrificantes.
Gouvêa, que é coordenador do programa de qualidade na empresa, de capital norte-americano, diz que qualidade pode ser reconhecida de diversas formas.
As principais: satisfação e alegria de clientes e consumidores; boas referências vindas de quem conhece o produto ou serviços prestados; produto serve como referência; cliente volta a comprar mesmo produto; exibe-o para outros; promove-o; divulga-o; faz declarações em pesquisas; envia cartas ao fabricante.
"Quando a 'visão' (produto ou serviço projetado para consumo) empata com o desejo do comprador, pode-se detectar sinais de qualidade", explica.
Para a Texaco, qualidade nada mais é que aquilo para que o produto foi feito –é o óbvio.
"Essa é a nossa filosofia, do presidente ao operário."
A Texaco tinha até um comercial com jingle que invocava a palavra qualidade nos anos 70. Nos postos de gasolina costumava haver uma faixa com os dizeres "Qualidade é Texaco".
A empresa achava que ia bem nesse setor porque tinha especificações rígidas, fábricas e laboratórios modernos boa aceitação de seus produtos.
Até que por volta de 1985 recebeu um formulário da indústria automobilística.
Nesse formulário, relembra Gouvêa, entre várias perguntas sobre qualidade, havia uma bem intrigante: "O presidente da empresa tem consciência de tudo o que o senhor está declarando?"
"Aí percebemos que precisávamos ir além. Naqueles tempos, o presidente era um comandante, um planejador de estratégias. Muitas vezes não estava ao par de muitas atividades realizadas dentro da própria empresa."
Hoje, com a nova filosofia de gestão que vigora nos anos 90, o presidente de uma empresa funciona como um treinador de um time.
O presidente trabalha junto com todo o corpo da empresa e, teoricamente, deve estar por dentro de tudo o que se passa na companhia.
"Por isso um programa de qualidade só funciona se partir de cima para baixo", acrescenta o diretor da Texaco.
A partir de 87, a Texaco iniciou seu programa, que batizou de Sistema de Qualidade Texaco.
Em busca de nova ISO
A própria Texaco cuidou de seu programa. Não contratou nenhuma consultoria especializada, como fazem outras empresas que buscam programas de qualidade total.
O programa foi totalmente implantado. Auditores internos –17– foram treinados para acompanhar o programa nas três fábricas da empresa.
Os aproximadamente 1.500 empregados receberam treinamento em dois anos.
O principal ponto do programa foi buscar o certificado ISO 9002 para sua fábrica de óleos lubrificantes do Rio de Janeiro.
Este certificado especificamente faz a auditoria em 18 itens do processo de qualidade. O certificado foi obtido em 1992.
A fábrica de graxas, situada em São Paulo, vai tentar a certificação da ISO 9002 em fevereiro.
A fábrica de aditivos (no Rio) deve pedir a ISO 9002 provavelmente este ano.
Mas Gouvêa faz um alerta: ISO 9000 tem que ser encarada como uma ferramenta para a qualidade.

Texto Anterior: Empresa adota estilo japonês
Próximo Texto: Investimento concentra-se em commodities
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.