São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Investimento concentra-se em commodities

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 830 fundos de investimentos em funcionamento no país contabilizavam na última sexta-feira um patrimônio líquido total de US$ 56,7 bilhões (R$ 47,9 bilhões).
Os 253 fundos de commodities mantiveram a liderança absoluta na preferência dos investidores, que tinham quotas no valor total de US$ 27 bilhões, ou seja, quase metade (47,7%) do patrimônio total da chamada "indústria de fundos".
Os fundos de renda fixa de curto prazo e os fundões (FAFs), com patrimônio total de US$ 8,6 bilhões e US$ 6,1 bilhões, respectivamente, ficaram no segundo e terceiro lugares.
Os dados são da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Eles mostram que os investidores privilegiam os investimentos que combinam liquidez (ou seja, a possibilidade de resgate imediato das aplicações) e a melhor rentabilidade possível.
Desse ponto de vista, os fundos de commodities são imbatíveis. Eles garantem liquidez diária a partir do 30º dia e a sua rentabilidade média projetada para o mês de janeiro é de 3,16% brutos e de 2,84% líquidos após o desconto do IR na fonte.
O rendimento da caderneta de poupança que vai "aniversariar" no dia 1º de fevereiro será de 2,61%.
Isso significa que, mesmo que o novo redutor fixado pelo Banco Central para vigorar a partir de março já estivesse valendo (foi diminuído de 1,2% ao mês para 1%), o rendimento da poupança empataria com o dos fundos de commodities.
Segundo dados do BC, o saldo total das cadernetas de poupança era de US$ 53,7 bilhões (R$ 45,5 bilhões).
Os fundos de renda fixa tradicionais e DI prometem rendimentos ligeiramente superiores, de 3,19% e 3,30% brutos (ou 2,87% e 2,97% líquidos), respectivamente.
Mas essa pequena vantagem na rentabilidade não tem estimulado os investidores, como evidenciam os respectivos patrimônios líquidos no último dia 27, que eram de US$ 3,1 bilhões para os fundos de renda fixa tradicionais e de US$ 2,2 bilhões para os fundos DI.
Eles ficaram atrás dos fundos de curto prazo e dos fundões, que projetam rendimentos bem menores (de 2,72% e 2,53% brutos, respectivamente, e de 2,45% e 2,28% líquidos em janeiro).
Com o fim do IPMF e da redução da alíquota do IOF para zero, esses dois fundos tornaram-se alternativas para o dinheiro disponível até para um ou dois dias.
No conjunto, os fundos de investimentos estão prevalecendo sobre as aplicações individuais, apresentando índices expressivos de crescimento.
Os dados da Anbid mostram que o patrimônio total da "indústria de fundos" era de US$ 5,1 bilhões em janeiro de 88. Ele chegou a US$ 23,5 bilhões em dezembro de 89, despencando para US$ 7,2 bilhões no final de 1990, após o confisco do Plano Collor 1.
A recuperação começou a partir de março de 1991, com a criação dos fundões (FAFs)– que ocuparam o espaço das contas remuneradas e das aplicações diretas no open market, extintas pelo Plano Collor– consolidando-se em setembro de 1992, quando foram criados os fundos de commodities.

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