São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Desemprego tem declínio maior em 1994

FLAVIO CASTELLOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O declínio da taxa de desemprego ao longo do segundo semestre do ano passado foi mais acentuado do que em 93 e 92.
Desde fevereiro de 92 a taxa estava acima dos 13%. Em dezembro último, o índice chegou a 12,6%, após ter atingido 15,4% em maio (o que significa um declínio de 18,2% na taxa), apontando para uma possível recuperação de níveis anteriores.
Em 88 e 89, a taxa mensal média de desemprego foi de 9,7% e 8,8%, respectivamente. Em 93 e 94, as médias mensais ficaram em outro patamar: 14,7% e 14,3%.
A taxa de desemprego na Grande São Paulo obedece a uma variação sazonal.
Ela cresce nos primeiros meses do ano, atingindo seu ápice entre os meses de março e junho e, no segundo semestre, diminui continuamente até dezembro.
É o que revela uma análise dos resultados dos últimos anos da Pesquisa de Emprego e Desemprego, realizada conjuntamente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos) e pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Os dados finais de 94 denotam outras mudanças no panorama do mercado de trabalho brasileiro.
Na média dos meses de dezembro de 85, 86 e 87, o desemprego entre mulheres era 62% maior que entre homens. Já a média de dezembro nos últimos três anos mostra que essa diferença diminuiu para 28,7%. Uma queda de 53,7% na taxa.
A média do primeiro semestre de 89 revela uma diferença de 208% entre a taxa de desemprego de chefes de família (4,5%) e a de outros componentes da família (13,9%).
Essa diferença caiu para 159,7% com relação ao mesmo período de 94, o que significa uma maior busca de trabalho por parte dos outros integrantes da família que não os chefes.
Perspectivas
A variação dos índices de desemprego, em São Paulo, ao longo dos últimos anos tem se mostrado independente da variação da taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país (ver quadro).
Portanto, o otimismo quanto à retomada de altas taxas de crescimento da economia não pode ser interpretado de modo imediatista como queda no desemprego.
A Argentina cresceu a uma média de 7% nos últimos três anos, e o desemprego se mantém a taxas superiores a 12%.
Contudo, o início de ano atípico que vive o comércio, o alto índice de utilização da capacidade instalada das indústrias e a própria retomada do crescimento econômico mundial são fatores que apontam na direção de uma recuperação dos níveis de emprego do final da década de 80.
Dados futuros vão mostrar se o Plano Real foi de fato o ponto de inflexão da curva.

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