São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Empresa transforma saúde em negócio

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Shell do Brasil acaba de concluir uma pesquisa com 60% de seus funcionários. O objetivo é determinar o perfil de saúde e os fatores de riscos. O levantamento faz parte de um programa de melhoria da qualidade de vida, implantado em 1991.
Os dados obtidos revelam que a maioria dos empregados da empresa no país é sedentária, obesa, estressada, inadequadamente alimentada e hipertensa omissa.
"Não é um perfil distinto do trabalhador de outras empresas", afirma Marcos Tuckerman, 47, gerente de programas de saúde. "A diferença é que estamos medindo esses riscos e tomando atitudes para reverter o quadro."
A pesquisa apontou que, entre os 1.846 trabalhadores consultados, 96% têm dieta inadequada –com alto consumo de gorduras e açúcares–, 80% são sedentários e 71% apresentam excesso de peso.
Também foi constatado que 17% deles são hipertensos e 30% se valem da automedicação. Um ponto positivo foi a evidência de que o universo de trabalhadores fumantes, que era de 33% em 1991, caiu para 26% em 1994.
A partir desse levantamento, a empresa pretende agir pró-ativamente em 1995 para oferecer ao trabalhador melhoria nas condições de saúde e prevenção de doenças.
"Não se trata de paternalismo", acentua Tuckerman. "A empresa sabe que o trabalhador motivado, satisfeito, integrado e saudável garante maior produtividade e menores custos com doenças."
Cerca de US$ 400 mil devem ser investidos na instalação de restaurantes especializados em pratos leves e de "fitness centers" nas unidades que não contam com clube esportivo.
Outra estratégia é implantar o programa "Wellness" (bem-estar) com grupos experimentais no segundo semestre de 1995.
As prioridades se assemelham às dos "Employee Assistence Programs" (Programas de Assistência a Empregados) norte-americanos.
Dessa forma, está prevista a estruturação de uma equipe de terapeutas para auxiliar trabalhadores que estão passando por problemas afetivos (divórcio, morte do cônjuge, doenças na família etc.).

Teste antidoping
A Shell do Brasil vai instituir ainda este ano testes mensais com 5% de seus trabalhadores –escolhidos aleatoriamente– para verificar consumo de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas.
O procedimento faz parte do programa de qualidade de vida dos trabalhadores e promete tratamento médico aos que apresentarem resultados positivos. A reincidência comprovada, no entanto, será motivo para demissão.
A Shell também investiu cerca de US$ 100 mil em programas internos de informação e conscientização sobre dependência química.
A preocupação se deve ao fato de que esses problemas reduzem a produtividade e alimentam os riscos de acidentes. Além disso, a pesquisa apontou que 46% dos funcionários da empresa consomem bebidas alcoólicas.
Durante 1994, os testes foram implementados nos processos de seleção de candidatos a postos de trabalho na empresa. Três deles tiveram resultados positivos –dois para maconha e um para cocaína.

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