São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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O caubói Harry Carey

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Os maiores caubóis da tela passaram pelas mãos de Ford: Buck Jones ("Camaradas", "Amor Maternal"), Hoot Gibson ("Ação Enérgica", "Fogo Certeiro"), Tom Mix ("Descendo Abismos", "Jornada da Morte"). Mas foi com um quarto astro do bangue-bangue, Harry Carey (1878-1947), que o cineasta trabalhou mais vezes: 25 filmes em quatro anos. Ao lado do experiente Carey, ele complementou o aprendizado cinematográfico iniciado com o irmão Francis.
Vaqueiro de verdade, ex-ator de Griffith, Carey (consagrado como Cheyenne Harry) não tinha a estatura épica de William S. Hart, nem o estrelismo de Broncho Billy e Buck Jones, nem o dandismo de Tom Mix. Meio em decadência quando Ford o pegou, Carey sacudiu a poeira e empinou uma nova carreira. Com seu jeitão descontraído e humilde criou um tipo singular de herói: o mocinho por acaso, matriz do Ringo Kid que John Wayne consagraria em "No Tempo das Diligências".
A parceria teve início em agosto de 1917, quando Ford dirigiu seu quarto western e o primeiro de três rolos, "The Soul Herder", sobre um bandoleiro (Carey) que acaba se transformando em pastor protestante. Nenhuma cópia dessa estréia sobreviveu ao tempo. Igual destino tiveram outros 23 filmes da dupla.
O único que se salvou, "O Último Cartucho", estava guardado até pouco tempo na Cinemateca tcheca. Nele, Carey volta e meia segura o cotovelo esquerdo com a mão direita, cacoete que John Wayne repete na última imagem de "Rastros de Ódio". Era uma homenagem ao mestre, ainda mais justificável porque, em cena, poucos segundos antes, estivera presente a atriz Olive Carey, viúva de Harry, que no filme interpreta a sra. Jorgensen.
(SA)

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