São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995 |
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ODISSEU A TELÊMACO Caro Telêmaco, encerrou-se a Guerra JOSEPH BRODSKY
tantos defuntos longe de seu lar. Mesmo assim, o caminho para casa mostrou-se demasiado longo, como se Posseidon, enquanto ali perdíamos nosso tempo, tivesse ampliado o espaço. Não sei nem onde estou nem o que tenho diante de mim, que suja ilhota é esta, que moitas, casas, porcos a grunhir, jardins abandonados, que rainha, capim, raízes, pedras. Meu Telêmaco, as ilhas todas se parecem quando já se viaja há tanto tempo, o cérebro confunde-se contando as ondas, o olho chora entulhado de horizonte e a carne Não lembro como terminou a guerra e quantos anos tens, tampouco lembro. Cresce, Telêmaco meu filho, os deuses, só eles sabem se nos reveremos. Não és mais o garoto em frente a quem contive touros bravos. Viveríamos juntos os dois, não fosse Palamedes, que estava, talvez, certo, pois, sem mim, podes, liberto das paixões de Édipo, ter sonhos, meu Telêmaco, impolutos. Texto Anterior: O poeta do mundo sensível Próximo Texto: QUASE UMA ELEGIA Índice |
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