São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Portugal pode inundar pinturas

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Enquanto espanhóis procuram regular o acesso de turistas a suas cavernas com pinturas pré-históricas e os franceses protegem com uma porta blindada a caverna recém-descoberta, em Portugal se discute a possibilidade de inundar um conjunto de pinturas pré-históricas ao ar livre.
Elas ficam no vale do rio Côa, no nordeste do país, onde se está construindo uma barragem para proporcionar água a uma usina hidrelétrica. Recobertas pela água, ficariam pelo menos a salvo de vândalos, sugeriu o francês Jean Clottes, presidente do Comitê Internacional de Arte Rupestre.
A inundação das cerca de cem gravuras iniciou uma polêmica entre os pesquisadores portugueses. Há os que defendem que elas virem atração turística, o que traria o problema de ter de defendê-las contra uma população local irada por não ter eletricidade, para não falar em turistas ou escoteiros franceses desavisados.
Um novo grupo de especialistas internacionais vai examinar as alternativas para salvar o sítio, contratados pela empresa estatal de energia elétrica, a EDP. A companhia já havia contratado um arqueólogo para estudar as gravuras antes de afogá-las, que deixou seus colegas indignados por não informá-los da descoberta, como é praxe entre pesquisadores sérios.
(RBN)

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