São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Principal temor é crise na economia

DE BUENOS AIRES

O presidente argentino, Carlos Menem, crê que somente dois fatos podem colocar em risco a sua reeleição: uma desvalorização do real e uma crise generalizada no sistema financeiro argentino.
Ele tem dito a assessores e ministros mais próximos que não teme nem mesmo os sucessivos escândalos de corrupção que ocorrem no seu governo.
O mais recente envolve a contratação irregular de dois colegas de tênis de Menem por US$ 3.000 durante a gestão da amiga Matilde Menéndez no Instituto Nacional de Serviços Sociais para Aposentados e Pensionistas.
Um dos cinco chefes da campanha de Menem, Ricardo Romando, disse à Folha que o presidente lança em fevereiro um ambicioso um plano quinquenal.
A política econômica menemista provocou uma taxa de desemprego recorde em 30 anos na Argentina, com mais de 2,6 milhões de trabalhadores sem emprego ou subocupados.
Especialistas em marketing do Brasil, como Duda Medonça, do Canadá e da França foram consultados pelos menemistas.
O principal slogan da campanha já foi aprovado pelo presidente: "Uma Argentina para todos".
"Não estamos fazendo um campanha clássica. O candidato já é governante. Os eleitores vão votar em Menem pela eficácia e justiça. A campanha já está acontecendo", afirma Romano.
Ele avalia que as eleições de maio serão uma "espécie de plebiscito" para Menem, que terá a sua administração julgada pelos eleitores argentinos.
Por isso mesmo, Romano afirma que a campanha de Carlos Menem na televisão e rádio, a partir de abril, vai ocupar 50% do espaço nos meios de comunicação para mostrar a administração do atual presidente.
Até mesmo a crise financeira desencadeada no sistema bancário argentino por causa da desvalorização do peso mexicano será aproveitada na campanha.
"Vamos mostrar que o presidente Menem é um bom piloto de tormentas", afirma Romano.
Ele considera que a oposição perderá muitos votos porque o eleitorado avalia que Menem seria uma garantia de que não haveria desvalorização da moeda frente ao dólar.
Anteontem, em Davos (Suíça), Menem fez questão de afirmar que a crise mexicana vai ser superada rapidamente e que a Argentina não foi afetada.
Ele apresentou proposta conjunta com o Brasil, o Chile e a Colômbia para colaborar com a estabilização do sistema financeiro mexicano.
Participando do Fórum Econômico Mundial, ele disse que "esta é uma demonstração de que na América Latina há solidariedade entre todos os países, inclusive fora do Mercosul, porque Chile e Colômbia não pertencem a ele".

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