São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Clínicas de aborto reforçam a segurança

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

Clínicas de aborto de Nova York estão se armando contra atentados. Depois do assassinato de duas mulheres em clínicas de Brookline, no Massachusetts, em 30 de dezembro do ano passado, clínicas de Nova York passaram a adotar um sistema de segurança mais avançado, que inclui até detector de metal na porta principal.
Segundo a diretora de Defesa Clínica da Planned Parenthood Federation of America, Ann Grazrer, as medidas de segurança estão cada vez mais fortes porque os riscos também estão aumentando.
"Apesar de termos registrado apenas um atentado a bomba contra uma clínica de Nova York no final dos anos 80, consideramos que devido às últimas ocorrências, é importante tomar uma série de medidas preventivas."
Além de detectores de metal, as clínicas em geral têm dois guardas, um deles armado, e revistar bolsas de clientes e pacotes são procedimentos correntes.
Os médicos têm treinamento para segurança pessoal e alguns até têm guarda-costas, segundo Grazrer. Ela disse que várias outras medidas foram adotadas, mas não podem ser divulgadas, para evitar que sejam contornadas.
Em alguns Estados, o governo é responsável por fazer o policiamento das clínicas. No começo do ano, o presidente Bill Clinton determinou que forças federais, estaduais e locais fossem organizadas para prover segurança a clínicas.
A Planned Parenthood realizou uma pesquisa no mês passado com clientes das suas clínicas para verificar se estavam satisfeitas.
"Verificamos que as clientes estão realmente preocupadas com isso. Muitas ligam para as clínicas para se certificar das garantias que têm com sua segurança", disse.
A Choices Women's Medical Center, uma das maiores clínicas de Nova York, pretende instalar até detector de metais, segundo o departamento de relações públicas.
A clínica já conta com guardas armados na porta.
Segundo o médico ginecologista e obstetra da Chapley Medical Group, Ronald M. Caplan, que também realiza abortos, os profissionais da área estão assustados com os últimos acontecimentos.
"Loucos existem em todos os lugares, também em Nova York, então é necessário tomar medidas de precaução", disse.
Uma das clínicas onde trabalha fica no quarto andar de um prédio em Downtown (parte sul de Manhattan). Por questão de segurança, é necessário se identificar na portaria do prédio.
"A sociedade está polarizada. Existem tanto extremistas pró como antiaborto", afirmou.
"O problema é que a questão do aborto não deve ser vista como carregar uma 'bandeira'. É necessário uma discussão mais profunda sobre ética e moral, sobre educação sexual e contracepção. O aborto nunca é desejado. Temos que partir desse princípio."

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