São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Loja tinha autorização para vender fogos

LUIS HENRIQUE AMARAL; AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A loja Ogum Sete Estrelas, que explodiu no sábado em Pirituba (zona oeste) matando 15 pessoas, tinha autorização do Exército e da Polícia Civil para vender pólvora e fogos de artifício.
A informação foi dada ontem pelo delegado titular da Divisão de Produtos Controlados da Polícia Civil, José Leonardo Pedroso. A autorização para vender pólvora tem o número 3.491 e a dos fogos, 3.461.
Segundo o delegado, a licença tem validade até 28 de fevereiro. No último dia 24 –quatro dias antes da explosão– os proprietários da loja haviam solicitado sua renovação até o final deste ano.
Para o delegado, a intensidade da explosão indica que a loja estocava pólvora e fogos acima do limite permitido pela lei.
Ontem, o delegado que investiga a explosão, Edvaldo Faria, titular do 87º DP (Pirituba), disse que o dono da loja, José Gonçalves Gomes, ainda não foi encontrado.
"Estou investigando o caso e pretendo solicitar a prisão preventiva do proprietário."
Segundo Pedroso, as casas de umbanda podem estocar até 20 quilos de "pólvora negra", que tem pequena capacidade de explosão. Apenas lojas de artigos religiosos podem vendê-la.
A autorização para a venda é dada pela polícia e pelo Exército, uma vez que a pólvora pode ser usada para fazer bombas. A loja deve atender a diversos itens de segurança, entre eles ter extintores e a fiação elétrica em ordem. O proprietário não pode ter passagem pela polícia.
A venda de fogos é fiscalizada pela prefeitura e pela Polícia Civil. O item mais potente que as lojas podem vender é o rojão com bombas com até 6 g de pólvora.
A quantidade de fogos que a loja pode estocar depende do seu tamanho e condições de segurança. O limite é determinado pelos técnicos da polícia.

Umbanda
Existem cerca de 6.000 lojas em São Paulo que vendem artigos religiosos para cultos de candomblé e umbanda. Quase todas elas comercializam fogos usados em festas e pólvora utilizada em rituais.
Muitas dessas "casas de umbanda" não são legalizadas e a grande maioria não tem autorização para vender fogos. O número de lojas foi levantado por Rita de Cássia Amaral, pós-graduanda de antropologia e autora de um estudo sobre as festas de candomblé.
Segundo ela, os fogos são utilizados nas diversas festas dos orixás, que são as divindades do candomblé, e que acontecem o ano todo em São Paulo.

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