São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Confecções importam tecidos e roupas

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A alta no preço das matérias-primas nacionais está levando as confecções brasileiras a trabalhar com tecidos e roupas prontas importadas para a coleção outono/inverno deste ano.
"Este deverá ser o inverno dos importados", diz Roberto Chadad, presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário).
Dados da Abravest mostram que, na comparação entre as coleções 94 e 95, a flanela subiu entre 13% e 25%, as lãs estão entre 12% a 20% mais caras e o acrílico aumentou entre 17% e 22%. Somente os preços dos veludos estão nos mesmos níveis do inverno de 94.
Chadad diz que, após receber as tabelas de preços para o inverno 95, as empresas começaram a avaliar se compensa produzir no Brasil para a estação do frio.
"Estamos negociando preços, mas a participação dos importados vai crescer muito mais neste inverno", afirma Chadad.
O uso das matérias-primas importadas vem crescendo no mercado nacional. Em 92, elas representavam 2,7% do total, passando para 4,5% no ano seguinte. Em 94, chegaram a 5,8%, segundo dados da Abravest.
Luiz Américo de Medeiros, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), discorda das confecções. Ele afirma que os preços dos tecidos estão estáveis, pelo menos por enquanto.
"Mas com a alta internacional do algodão e a escassez do poliester, nossos preços podem subir até 8%", afirma Medeiros.
Fuad Mattar, presidente da Paramount Lansul, que acaba de adquirir a Karibe, produtora de casimira, afirma que a lã subiu em média entre 45% e 60% nos últimos 12 meses. Mas o preço final, diz, aumentou entre 20% e 30%.
Mattar afirma ainda que, mesmo assim, as tecelagens nacionais estão vendendo tecidos para o exterior.
Confecções
Marcos Santin, diretor-geral da Benetton do Brasil, diz que a atual defasagem cambial torna o tecido importado atraente para as confecções nacionais.
"Os consumidores também estão mais exigentes e o tecido de inverno produzido no exterior tem melhor qualidade", afirma.
Santin diz que sua empresa vai importar produtos de lã, veludo e malhas mistas de algodão.
Monise Torres, estilista da confecção Canal 27, confirma que as empresas estão avaliando os preços dos tecidos de inverno.
"O 'soft' importado, tipo de moleton felpudo, custa 20% menos que o nacional. Nossa opção foi comprar o importado", diz.
A Canal 27, afirma Monise, está optando por comprar os tecidos de empresas importadoras e roupas prontas do Uruguai, principalmente as de lã.
Monise diz ainda que, com os importados e a estabilidade do mercado interno, a coleção de inverno 95 deve ficar cerca de 5% mais barata do que a de 94.
Raul Sulzbacher, diretor da Federação do Comércio, diz que o prazo de financiamento, maior lá fora, torna vantajosa a compra no exterior e a consequente importação do tecido.
"A importação é também uma forma de reduzir os nossos custos financeiros", afirma Sulzbacher.
Na Bavardage, empresa que fabrica roupas masculinas, no entanto, a informação é de que o preço da coleção outono/inverno traz "apenas um pequeno aumento".
Tânia Ribeiro, sócia da confecção, diz que os tecidos subiram ao redor de 10% desde o Plano Real. "Os aumentos não estão gritantes", diz Tânia.

Texto Anterior: México volta a derrubar Bolsas de Valores
Próximo Texto: Carro importado deverá pagar 35% de imposto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.