São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Empresários defendem ajuda brasileira

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

"O importante agora é o México sair da guilhotina." A afirmação foi feita ontem por Mário Bernardini, diretor da Fiesp e vice-presidente do Ciesp.
Para Bernardini, o empréstimo de US$ 300 milhões do Brasil ao México, proposto pelo governo dos EUA, pode ajudar a evitar a moratória da dívida mexicana.
"Se tiver moratória, acabaria de vez o fluxo de capitais internacionais para os países da América Latina", afirmou Bernardini.
É preciso, no seu entender, que a discussão sobre o empréstimo passe pelo Senado.
Laerte Setubal, diretor do Departamento de Assuntos Internacionais da Fiesp, acredita que não emprestar ao México seria "populismo". Segundo ele, apesar das dificuldades de explicar à população, na realidade esse dinheiro não sairia do país. E jamais poderia ser usado dentro do Brasil devido ao risco de uma explosão da base monetária e consequente inflação.
Para ele, o empréstimo é uma opção política e ajuda na credibilidade internacional do Brasil.
Bernardini disse que o governo hoje não pode mexer no câmbio, devido à crise do México, mas já está desfazendo todas as "besteiras" que o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes havia feito.
"Eles perceberam que não dá para continuar brincado de ter déficit comercial. Senão vamos para o primeiro lugar em turismo."
Entre essas "besteiras" estão a alíquota zero para importações pelo correio, o compulsório de 15% sobre os ACCs (Adiantamento de Contrato de Câmbio) e restrições ao pré-pagamento de exportações.
Até o adiantamento no cronograna de redução das alíquotas de importação de veículos será revisto, acredita ele.
Para Bernardini, se houver uma reforma fiscal e tributária que estimule as exportações e se a crise mexicana se resolver, o governo poderá mexer no câmbio no segundo semestre.
O presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, preferiu não se pronunciar sobre o empréstimo do Brasil ao México.
Mas reagiu energicamente às declarações do norte-americano Steve Hanke, professor da John Hopkins University e um dos idealizadores do modelo argentino.
Hanke disse à Folha em Davos, Suíça, anteontem, que o plano econômico brasileiro está condenado a fracassar. "O Brasil vai responder a esse economista daqui a seis meses, com as reformas estruturais do Estado."

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