São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Manchete cria produtora 'independente'

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A próxima novela da Rede Manchete é uma superprodução orçada entre R$ 8 milhões a R$ 9 milhões. Para enfrentar o desafio de administrar uma produção tão cara, a emissora criou uma produtora "independente".
Baseada na obra "Tocaia Grande", de Jorge Amado, a novela só deverá estrear em abril/maio, mas já está mexendo com o mercado artístico carioca de TV, limitado até então à Rede Globo.
Ao mesmo tempo em que vai equacionando suas dívidas –a emissora deve cerca de US$ 100 milhões ao governo federal– que quase a levaram à falência, a Manchete aposta na experiência da produção independente para racionalizar custos.
A emissora criou a produtora "Bloch, Som e Imagem", que está contratando os artistas e a equipe necessária para a produção da novela –que somam cerca de 200 pessoas.
O diretor-geral da Manchete, Fernando Barbosa Lima, afirma que a emissora descobriu, com a crise financeira, a importância da produção independente para a racionalização de custos.
"Para manter a programação no ar, tivemos que nos ligar à produção independente", diz Barbosa Lima.
A primeira experiência com a produção independente gerou a novela "7.45 – Uma Onda no Ar". Daí veio a idéia de se criar uma produtora "independente" ligada à própria emissora.

Satélite
Para o diretor-geral, a criação do que se chama de "satélite" é uma novidade no Brasil, mas comum nas emissoras americanas. "Nos EUA, 70% da produção de TV é feita por produtoras independentes, e muitas ligadas às próprias emissoras."
O objetivo desse novo modo de administrar a produção de novelas é evitar que os custos e receitas do produto acabem por se misturar com a contabilidade geral da empresa.
Antes, com a produção de novelas ligada ao caixa da própria emissora, a Manchete não tinha sequer o cálculo exato do custo de cada capítulo.
"Agora vamos ter o controle exato dos custos e rentabilidade, e também não estamos inchando a folha de pagamento da emissora", diz Barbosa Lima. A emissora reduziu o corpo de funcionários reduzido de 3.000 para 900.

Superprodução
Mas o desafio é grande. Para tentar alcançar significativos índices de audiência no concorrido horário nobre das 21h30, a Manchete apostou numa superprodução que, se não for bem gerenciada, tende a empurrar os custos ladeira acima.
Num terreno de 30 mil metros quadrados, no município fluminense de Maricá, serão construídas duas grandes cidades cenográficas –que deverão ficar prontas em três meses. Além disso, está sendo contratado um elenco de 60 atores.
"É o maior elenco de novelas já escalado. Normalmente, são 35 a 40 atores", diz o diretor artístico da Manchete, Régis Cardoso. Já foram confirmados nomes como o de Leonardo Villar, Tânia Alves, Claudio Mamberti e Rosa Maria Murtinho.

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