São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Carro-bomba mata 38 na capital argelina; Sangue

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Carro-bomba mata 38 na capital argelina
Pelo menos 256 pessoas ficaram feridos no atentado mais grave desde o início da guerra civil, há três anos
Pelo menos 38 pessoas morreram e 256 ficaram feridas na explosão de um carro-bomba, ontem, no centro de Argel, capital da Argélia. É o atentado mais grave em três anos de guerra civil entre governo e radicais islâmicos.
A bomba explodiu à tarde, horário de grande movimento, perto de uma agência bancária e quase em frente ao quartel-general da polícia, no bulevar Amirouche. Até 18h30 (hora de Brasília), o atentado não fora reivindicado.
A explosão, ouvida em boa parte da capital argelina, abriu uma cratera de quase 2 metros de diâmetro e meio metro de profundidade no asfalto. Vidraças foram estilhaçadas em prédios a quarteirões de distância.
Os automóveis em torno se incendiaram, enchendo a rua de fumaça negra. Testemunhas afirmam ter ouvido disparos de armas automáticas depois da explosão.
Pelo menos 55 feridos estão em estado grave, segundo balanço divulgado às 17h30 (hora de Brasília). Há várias mulheres e crianças entre as vítimas.
A maior parte das vítimas é composta de pedestres. Não se sabe ainda se, entre os mortos, há policiais do quartel-general.
O atentado provocou pânico no centro de Argel. Pessoas feridas por estilhaços de vidro ou metal corriam pela rua e alguns pedestres foram pisoteados no tumulto.
Minutos depois, a polícia argelina recuperou o controle da situação e criou um cordão de segurança em torno da área atingida.
Ela atribuiu o atentado a criminosos –termo geralmente empregado para se referir aos grupos terroristas muçulmanos que se opõem ao governo.
O carro-bomba, um Fiat branco, fora roubado pela manhã, segundo a polícia, em um bairro conhecido como reduto dos terroristas. Esse é o indício usado pela polícia para justificar a acusação.

Sangue
Segundo uma rádio da capital, um ônibus passava pelo local no momento da explosão. Parte das vítimas teria morrido carbonizada.
Poucos minutos após o atentado, a rádio fez um apelo para que médicos e doadores de sangue se dirigissem ao bulevar, para ajudar no socorro às vítimas.
A rede de TV estatal ENTV mostrou imagens de feridos em um hospital próximo ao centro, na rua de Faadane.
"Por que eles nos atacam? Nós não fazemos política", disse hospitalizado.

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