São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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Equador admite superioridade peruana

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL A QUITO

O ministro da Defesa do Equador, José Gallardo, disse ontem que o país "não vai ceder um centímetro" de seu território ao Peru.
Gallardo, que é general reformado, recebeu a Folha para entrevista exclusiva em seu gabinete na sede do Comando Conjunto das Forças Armadas em Quito, a capital equatoriana.
Segundo ele, até ontem o conflito na zona fronteiriça havia deixado quatro soldados equatorianos mortos, seis gravemente feridos e sete desaparecidos.
Ele não soube informar o número de baixas sofridas pelo lado peruano. O ministro disse que o Equador já abateu dois helicópteros peruanos e atingiu seriamente outros dois.
Gallardo admite que a superioridade militar dos adversários "é imensa", mas afirma que o governo equatoriano promoveu, juntamente com o Exército, treinamento da população na zona da fronteira atualmente em litígio.
No momento, a questão militar é prioritária para o governo do presidente Sixto Durán-Ballén, disse o ministro da Defesa.
Ele afirmou que o país não adotará uma posição ofensiva em relação ao Peru. "Só estamos defendendo nosso território".
O conflito entre os dois países teria começado, pelo relato de Gallardo, no último dia 9, quando dois soldados peruanos invadiram o território equatoriano.
Em 11 de janeiro, outros quatro soldados foram surpreendidos na mesma região. Esses soldados teriam reagido com tiros ao pedido de rendição dos soldados equatorianos, deflagrando os combates.
Patriotismo
A situação em Quito ontem era tensa com a presença constante de militares, circulando a pé ou em viaturas.
Tanto na capital como em Guayaquil, foram realizadas passeatas de apoio aos militares.
Milhares de estudantes se concentraram em frente ao palácio presidencial com faixas dizendo: "Defendemos nosso território", "Morrer pela pátria é viver" e "Nem um passo para trás". Uma bandeira do Peru foi queimada.
Cerca de 400 pessoas já foram removidas da zona da fronteira, a maioria delas idosos, mulheres e crianças. Os homens, com treinamento de guerrilha, permanecem no local à disposição das Forças Armadas.

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