São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Ao leitor, os exemplos

PAUL SINGER

Em minha resenha de Brockway, ``A Morte do Homem Econômico", publicado no Jornal de Resenhas de 4/09, fiz restrições à tradução do livro, particularmente ao cap. 8 sobre ``Especulação". O tradutor Antonio Sérgio Rocha defende o seu trabalho, acusando-me de ``demasiado parcial" e de ter desdenhado a contribuição dele. Em resposta, não me cabe outra coisa que transcrever uma amostra de trechos incompreensíveis, que atribuo à má tradução, já que não disponho do original para verificar. Concordo com Rocha, cabe ao leitor o julgamento final de quem está com a razão.
Os exemplos a seguir são do capítulo 8. Os trechos que não compreendi estão grifados por mim. ``Um empreendimento se distingue da especulação por usar riqueza para produzir riqueza nova, mas é como ela é, na medida em que não é um jogo de soma zero (se fosse, seria impossível para a economia crescer)" (pág. 136).
``Os jogadores correm com certeza de uma ação da moda, ou conjunto de ações, para outra, e com isso o nível de preços não é suave. Por outro lado, os vários índices de ações provêm de níveis de saída..." (pág. 139).
``... Durante a especulação de mercado de 1982 a 1987, o índice de 500 indústrias da Standart and Poor subiu duas vezes mais rápido que os lucros das corporações..." (pág. 140).
``... Mas, quando a taxa de juros é de 10%, o custo financeiro em cinco anos é de 55,3% de todos os outros custos ou de 35,6% do custo total do projeto, incluindo os juros. Em contraste, um manipulação no mercado acionário que pode ser conseguido em, digamos, uma semana, pode ganhar à taxa de 10% se os ganhos forem abaixo de 0,2% do dinheiro investido" (pág. 145).
``Toda vez que as autoridades monetárias permitirem empréstimos que sustentem margens de comércio nas trocas, a especulação será encorajada e os negócios serão encorajados" (pág. 148).
Os trechos seguintes são do capítulo sobre ``Juros". ``Uma vez que alguém tenha uma organização capaz de manejar um açambarcamento de empresa, vai à caça de mais e maiores açambarcamentos para reforçar sua empresa" (pág. 205). ``Praticamente todo mundo nos Estados Unidos, contudo, agora concorda que pelos menos as taxas de curto prazo são de fato fixadas pelo Federal Reserve Board. Deve se notar que o acordo sobre a maleabilidade das taxas de curto prazo é um desenvolvimento muito recente" (pág. 212).
À pág. 219 aparece mencionado o ``altamente volátil mercado de trocas de Tóquio", que suponho ser má tradução de ``mercado de câmbio". Se não, o que é?
E para terminar, duas citações cômicas: ``O próprio Smith notou que, no sistema mercantil, o interesse do produtor é quase constantemente sacrificado aos interesses do produtor" (pág. 115).
``Os gastos militares têm as virtudes que Keynes viu na construção de pirâmides: não há nenhuma finalidade no propósito deles" (pág. 206).

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