São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995 |
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Índios divergem sobre habitação
VICTOR AGOSTINHO
Raoni, com uma enorme peça de madeira encaixada no lábio inferior, disse que o índio ``quer morar no mato, na maloca, longe do branco". Para ele, o fundamental é a demarcação das terras indígenas e ``que o branco fique fora". Juruna, ex-deputado federal pelo Rio, afirmou que Raoni é ``estúpido, vaidoso, sem malícia, ingênuo". Segundo Juruna, os caiapós têm terras, madeira e palha para construir suas casas. ``Já os outros cerca de 350 mil índios não têm mais como fazer casa. Querem tijolo, casa com banheiro. Ou vocês acham que índio vai viver a vida toda em choupanas?", disse Juruna. Pedro Seg Seg criticou principalmente as decisões do governo, ``que são tomadas sem consulta aos Índios". ``Eles resolvem construir estradas ao lado das nossas terras sem nos consultar", disse. Seg Seg afirmou também que, para o índio se integrar à sociedade, sem perder suas tradições e cultura, ``precisa ter escolas adequadas e uma política ambiental específica". Os caciques Juruna e Raoni estão brigados, não se falam, mas riram muito com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca. Em momentos diferentes, eles passearam ao lado de Greca pelo parque Barigui, que sedia a reunião preparatória para o Habitat 2. Para Juruna, Greca disse, em tom de brincadeira, que ali estava havendo um encontro de caciques: o dos xavantes e o de Curitiba. Com Raoni pelo braço, Greca caminhou no parque. Chamou uma criança e disse a ela: ``Vem cá ver o índio, menino. Pode pegar nele, ele não morde". Na opinião de Raoni, Londres, onde ficou hospedado com o cantor Sting, é a cidade mais linda do mundo. Juruna disse que ``Curitiba é a cidade mais rica e bonita do mundo". (VA) Texto Anterior: População urbana dobra até 2025 Próximo Texto: Rua é ``reinado público", afirma arquiteto Índice |
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