São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Lojas cortam importação de eletroeletrônico

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Importadores de eletroeletrônicos e portáteis cortam em até 40% as encomendas para o Natal.
``As importações de eletroeletrônicos para o final de ano devem ficar de 30% a 40% abaixo de 94, no caso das empresas localizadas fora da Zona Franca de Manaus" (região isenta de Imposto de Importação), diz Carlo Barbieri, presidente da Associação das Empresas Trading. A entidade reúne 110 companhias especializadas em comércio exterior.
Modelos mais simples de fornos microondas e de liquidificadores, televisores de tela pequena e máquinas com capacidade para lavar seis quilos de roupa, por exemplo, foram excluídos das listas de compras para este Natal. Motivo: os importadores temem o encalhe desse tipo de produto.
Com a subida da alíquota do Imposto de Importação (II) de 20% para 70%, em março, os eletroeletrônicos estrangeiros de baixo valor ficaram com preços menos competitivos em relação aos similares nacionais.
``Mantivemos os eletroeletrônicos `top' de linha", diz Marcelo Asmar, sócio da Import Express.
A lógica dos importadores é que os produtos caros têm mercado garantido, o que não é certo para as mercadorias com preço baixo, encarecidas com a nova alíquota.
Para este Natal, a Import Express, por exemplo, cortou 60 modelos de eletroeletrônicos mais baratos das listas de compras.
A empresa, que calcula vender de 15% a 20% menos neste Natal em relação ao anterior, reduziu em apenas 10% o volume de encomendas para o último trimestre. ``É que nós temos estoques remanescentes", diz Asmar.
Já o Grupo Dreams, especializado em eletroeletrônicos importados e revendedor exclusivo da marca Frigidaire no país, manteve os 11 mil itens.
A estratégia adotada pela empresa foi substituir produtos baratos pelos mais caros.
``Deixamos de comprar televisores de tela pequena e aumentamos os volumes de aparelho de TV com videocassete acoplado, produto mais caro, sem similar nacional", diz Giuseppe Bizarro, presidente.
Ele conta que excluiu os produtos menos competitivos, como TV de 20 polegadas. Nas suas contas, hoje essa TV importada sairia por R$ 750 para o consumidor. Já uma similar nacional custa R$ 450.
Com essa mudança no ``mix" de produtos, o empresário quer vender neste Natal o mesmo volume do ano passado.
Ele acha, no entanto, difícil atingir a meta porque a empresa fechou setembro faturando cerca de 5% menos do que em agosto. Desde março, a queda acumulada nas vendas é de 25%.
Devido à incerteza do mercado, Alberto Passos, dono da importadora Studio Two, diz que ainda não definiu as compras de Natal.
Em setembro, por exemplo, ele vendeu 40% menos do que em igual período de 94.
Resultado: até agora, a empresa pretende encomendar no exterior volume 20% menor de mercadorias em relação ao final de 94.
A intenção, diz ele, é atrasar ao máximo os pedidos, desde que não se corra o risco de os produtos chegarem no país depois do Natal.

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