São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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O mundo dos 12

CIDA SANTOS

No mundo inteiro do vôlei, 12 agora é o número mágico. Tanto em terras brasileiras como nas italianas, que nestes anos 90 têm traçado as tendências desse esporte, os dois técnicos das seleções masculinas trabalham com um só objetivo: ter 12 jogadores com o mesmo nível técnico. Reserva é uma palavra que começa a ganhar um novo sentido.
Maior exemplo foi a decisão do último Campeonato Europeu. O técnico da Itália, Júlio Velasco, utilizou, ao longo das quase três horas de jogo com a Holanda, os 11 jogadores do time. Só não chegou aos 12 porque o levantador Meoni estava machucado e não pôde entrar.
As mudanças dos jogadores trazem a vantagem de alterar a característica do jogo. Um exemplo: no segundo set, quando o placar indicava empate em dez a dez, o técnico da Itália colocou Zorzi no lugar de Gardini. Vale lembrar que no meio da rede, Zorzi é conhecido por ter um desempenho bem abaixo de Gardini.
O levantador da Holanda, Peter Blange, não acreditou na eficiência da alteração e levantou as duas bolas seguintes bem em cima de Zorzi. E não é que o bloqueio dele funcionou, a Itália pôde armar dois contra-ataques e virar o jogo? Mais ainda : o último ponto do set foi um bloqueio de Zorzi.
O técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães, diz que essa situação ilustra bem a importância de tornar os jogadores versáteis. O levantador holandês tentou jogar em cima de uma suposta fragilidade do adversário. E essa fragilidade, como no caso de Zorzi, não existiu e acabou sendo um fator surpresa.
O Brasil também trilha em busca dos 12. O ponto de partida foi há três meses, em um jogo contra Cuba. Já classificado para as finais da Liga Mundial, o técnico colocou o time reserva na quadra. E os reservas perderam feio: 3 sets a 0.
Zé Roberto diz que esse jogo o fez perceber que era preciso buscar uma equipe com uma distância menor entre titulares e reservas. Resultado: dos seis reservas que jogaram contra Cuba, só o levantador Leandro continua no time.
Hoje, o Brasil começa a treinar para a Copa do Mundo com um grupo que o técnico diz ser o mais completo e versátil com que já trabalhou. Ele acredita estar próximo do mundo dos 12. O que é uma grande vantagem. Que o diga Blange, que logo depois da derrota da Holanda, apontou a diferença: ``Nós éramos em 6; a Itália, 11. Ficou difícil controlarmos tudo."

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