São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Reforma e iniciativa social

Os inegáveis sucessos que o governo Fernando Henrique Cardoso tem obtido no combate à inflação podem vir a ser, se consolidados, um marco na história recente do país. Trata-se sem dúvida de um primeiro passo importantíssimo, mas insuficiente para enfrentar a dramática situação social do Brasil.
Apesar dos esforços em favor das reformas de mercado, o fato é que a racionalização da máquina pública e as privatizações andam em ritmo demasiadamente lento. E, sem uma melhor aplicação dos recursos, mantidos os níveis alarmantes de desperdício, burocracia e ineficiência, os serviços públicos oferecidos à população deixam muito a desejar, para dizer o menos.
A concepção paternalista da atuação do Estado nas áreas sociais parece estar em um salutar processo de extinção. Os órgãos oficiais tradicionalmente encarregados de tais atividades estiveram, com grande frequência, associados a escândalos de corrupção e manipulação clientelista. O governo ainda não foi capaz, porém, de implementar ou sinalizar claramente novas políticas mais gerais e consistentes.
O fraco, quase inexistente, desempenho do programa Comunidade Solidária parece não substituir sequer a atuação pífia da felizmente extinta LBA. Ademais, a emenda que pode impedir a cobrança progressiva de impostos sobre a terra improdutiva e a proposta que elimina a alíquota mais alta do IR para os que ganham mais de R$ 13,6 mil ao mês concentram renda.
Sem a racionalização do Estado, o desperdício de recursos impede o governo FHC de estabelecer uma marca de empenho no combate à miséria e em favor da redução das extremas desigualdades do país.

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