São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Trabalhadores ocupam fábricas contra demissões

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhadores ocuparam ontem duas fábricas, uma em São Paulo e outra em Campinas, para protestar contra demissões.
Na Mafersa (São Paulo), a direção prevê mais desemprego. Haverá mais demissões ``com certeza", disse ontem o presidente do Conselho de Administração da empresa, José Gustavo de Carvalho.
A afirmação foi feita durante negociação entre membros do conselho e funcionários da empresa, após invasão da unidade da empresa no bairro de Vila Anastácia, na cidade de São Paulo.
Trabalhadores das unidades de Caçapava (SP) e Contagem (MG) vieram para São Paulo participar de assembléia, às 10h30, na porta da Mafersa da Vila Anastácia.
Lá, decidiram ocupar a empresa simbolicamente, negociar com o conselho de administração e depois se dirigir à Assembléia Legislativa de São Paulo.
A ocupação começou às 11h e contou com cerca de 200 pessoas.
Os trabalhadores reclamaram que estão sem receber salários há 12 dias e que a produção nas três unidades está parada.
Demonstraram preocupação, também, com o pagamento das verbas rescisórias e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, atrasado a mais de 600 demitidos no dia 18 de agosto.
Pelo acordo com o sindicato, os valores a serem pagos aos demitidos foram parcelados em 12 vezes e a segunda parcela vence dia 5.
A Mafersa foi privatizada em 1991 e seu controle acionário ficou com a Refer, fundo de pensão da Rede Ferroviária S/A. Em agosto de 95, novo leilão foi realizado e o conselho dos investidores adquiriu mais 65% das ações da empresa -já tinha 10%.
O passivo total da empresa chega a R$ 120 milhões. Não há compradores, segundo Carvalho, para os vagões de trens e ônibus que a empresa faz.
Campinas
Um grupo de 120 funcionários da indústria metalúrgica de Campinas Toolyng decidiu ocupar a fábrica em assembléia realizada no final da tarde de ontem.
A decisão foi tomada porque a empresa não pagou os salários na sexta-feira passada e demitiu 24 funcionários por justa causa.
Eles decidiram passar a noite na fábrica e fazem assembléia hoje para avaliar o movimento. Os diretores da empresa não foram encontrados até as 20h30 de ontem.
Diadema
Os trabalhadores da Commander, empresa de autopeças de Diadema, do grupo Inbrac, realizaram ontem pela manhã assembléia para tentar definir estratégias contra o fechamento da fábrica, que emprega 480 pessoas.
Houve tentativa de retirar as máquinas do local, o que foi impedido pelos acampados em frente à empresa, de acordo com a comissão de fábrica.

Colaborou a Folha Sudeste

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sobre desemprego na pág. 2-7

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