São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Presidente ironiza `quem fala de recessão'

FERNANDO PAULINO NETO; DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DO RIO E DE BUENOS AIRES

Erramos: 05/10/95
Diferentemente do que foi publicado à pág. 1-8 ( Brasil) da edição de 3/10, as taxas de investimento -e não de crescimento- do país foram de 13,7% em 1992 e 14,4% em 1993.
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que ``dá vontade de rir" quando ouve algumas pessoas dizerem que o país está passando por uma recessão.
Ele não nomeou as "pessoas. Para o presidente, estas pessoas ``parecem que se esquecem de olhar os números para verificar que, ao contrário, a economia brasileira está em plena fase de expansão."
O presidente previu para 1996 uma taxa anual de inflação entre 15% e 16%, o que seria a ``consolidação" da política econômica.
Para Fernando Henrique, a atual fase de expansão é ``coordenada e consciente". Isto significa, no entender do presidente, que ``não interessa o crescimento em ziguezague, mas sim manter um patamar constante de crescimento variando de 5% a 6% (ao ano) para que possamos progressivamente recuperar as taxas de crescimento".
Para justificar o crescimento da economia brasileira, Fernando Henrique disse que, ``as últimas estimativas para este ano são de que a economia crescerá ao redor de 5,6%, 5,7%, isso depois de ter demonstrado nos primeiros meses do ano que o crescimento anualizado poderia ser de 10% ou 12%".
Segundo ele, ``o governo tomou a decisão de conter este processo de crescimento tão impetuoso" porque, ``como não havia correspondente crescimento da taxa de investimento", levaria a ``uma possível recessão futura."
O presidente argumentou que a economia brasileira, agora, está crescendo de forma consolidada. Ele deu como exemplo a taxa de investimento (o que se investe em fábricas, máquinas e equipamentos), que deverá chegar a 19% do PIB (Produto Interno Bruto) no final do ano.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB brasileiro foi de R$ 355 bilhões no ano passado.
O presidente citou as taxas de crescimento de 1992 (13,7%) e de 1993 (14,4%) -antes do Plano Real- para comprovar sua tese de crescimento sustentado.
No entanto, estes resultados não deixam o governo ``contente", segundo Fernando Henrique disse durante seminário.
Argentina
O ministro do Trabalho, Paulo Paiva, afirmou à Folha que a situação do desemprego no Brasil é radicalmente diferente da verificada na Argentina, onde a taxa de desocupação chega a 18,6%.
Segundo Paiva, que está em Buenos Aires, existe no Brasil uma tendência de declínio do desemprego. Na Argentina, por sua vez, a perspectiva é de aumento no percentual a ser divulgado em dezembro.
``De junho a agosto, as taxas de desemprego se mostraram menores que as registradas no mesmo período de 94", disse.
Paiva está participando da 10ª Conferência Interamericana de Ministros do Trabalho.
Este encontro de 22 ministros do Trabalho termina hoje. Dos nove pontos discutidos desde domingo, sete se concentraram na questão do emprego -e na destruição de postos de trabalho.
Afinado com o discurso do presidente FHC, Paiva declarou ainda que não existem sinais de um processo recessivo no país.
(Fernando Paulino Neto e Denise Chrispim Marin)

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