São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Sem-terra volta a invadir área em SP

PAULO FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL AO PONTAL DO PARANAPANEMA

Os sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) voltaram a ocupar fazendas no Pontal do Paranapanema, no oeste paulista. Ontem de manhã, aproximadamente 200 famílias invadiram novamente a fazenda Washington Luís, em Mirante do Paranapanema.
Essa foi a primeira ocupação na região do Pontal desde o acordo proposto pelo governo de São Paulo no último dia 27 e da trégua pedida pelo presidente Fernando Henrique na sexta-feira.
Os 350 hectares da Washington Luís já haviam sido invadidos no dia 26 de agosto e desocupados, por ordem judicial, no dia 31 do mesmo mês. Essa propriedade não faz parte das 12 fazendas propostas pelo governo estadual para assentar os sem-terra por ter menos de 500 hectares.
A ocupação começou às 7h da manhã e foi pacífica. Os sem-terra derrubaram o que restava das cercas da fazenda e começaram a preparar a terra com quatro tratores para início do plantio de mandioca, milho e algodão.
Às 11h45, um carro da Polícia Militar chegou ao local com dois policiais. Eles observaram toda a movimentação e conversaram por alguns minutos com o líder dos invasores, José Rainha Júnior.
Segundo os PMs, a ordem que haviam recebido era para apenas observar o que estava acontecendo e fazer um relato da situação ao comando policial da região.
À tarde, por volta das 15h, outro carro da PM foi mandado para o local para fazer um relato mais minucioso da situação (número de crianças, mulheres, máquinas, ferramentas de trabalho e animais)
A ocupação das fazendas Alvorada e Marco 2, também anunciada pelos sem-terra para ontem, não aconteceu. Também, nenhum pedido de reintegração de posse havia sido feito no Fórum de Mirante do Paranapanema.
A juíza Catarina Estimo não se pronunciou sobre o pedido de prisão preventiva de 14 líderes do MST. Ela afirmou que sua decisão deve ser conhecida até amanhã.
Os sem-terra continuam afirmando que não vão aceitar passivamente uma eventual decretação de prisão de qualquer um de seus líderes. Os invasores prometem manter a liderança dentro da sede da fazenda São Bento e impedir a entrada da polícia para cumprir a ordem de prisão.

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