São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Landau recua sobre pagamento

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A diretora do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a área de desestatização, Elena Landau, disse ontem que foi "mal interpretada por suas declarações da última sexta-feira sobre o uso de títulos da dívida externa nas privatizações.
Enquanto o ministro da Fazenda, Pedro Malan, anunciava em Nova York que o Brasil não mais exigiria desconto de 25% sobre o valor de face para que títulos da dívida fossem usados nas privatizações, Landau anunciava no Rio que o governo passaria a exigir ``100% cash" (dinheiro) a partir da venda da Light, em dezembro.
A contradição gerou mal-estar no governo, que contava com o anúncio de Malan para reduzir o adicional de risco cobrado nos empréstimos internacionais ao Brasil.
Ontem, durante seminário para empresários de Taiwan, Landau disse que ``existe uma posição" do ministro do Planejamento, José Serra, que preside o Conselho Nacional de Desestatização, favorável a que o pagamento seja feito ``cash".
Isso, segundo ela, não impede que o próprio Serra ou outro ministro apresente outra proposta e que as vendas sejam examinadas caso a caso para se saber como será feito o pagamento. O procedimento hoje é este.
Na sexta-feira, Landau havia anunciado a exigência do pagamento em dinheiro como uma decisão, embora, quando questionada sobre a nova política para os títulos da dívida externa, tenha dito que nada impedia o Conselho Nacional de Desestatização de rever sua posição.
Ontem, a diretora do BNDES disse aos empresários de Taiwan que o governo brasileiro espera a partir de agora maior participação estrangeira nas privatizações do Brasil.
Ela disse que, até agora, de aproximadamente US$ 9 bilhões arrecadados no programa, o capital estrangeiro entrou com cerca de US$ 400 milhões.
O fim do desconto obrigatório sobre os títulos da dívida externa e a permissão para que estrangeiros comprem até 100% das empresas privatizadas (antes o limite era de 40%) seriam razões para essa esperança. (Francisco Santos)

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