São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Telefones

Como é comum no Brasil, uma boa idéia, que em princípio visava a simplificar a vida do consumidor-cidadão, acabou degenerando num verdadeiro caos. Algumas pessoas chegaram ao extremo de erguer barricadas e depredar uma agência da Telebrasília. Outras, revoltadas, pretendem anular na Justiça o processo de venda de celulares por telefone pelo qual a Telebrasília pretendia facilitar a vida dos que desejassem adquirir uma linha de telefonia móvel.
O problema foi que o telefone colocado à disposição para fazer as reservas, o 106, simplesmente não suportou o excesso de ligações. A média para o horário saltou de 10 mil ligações para 40 mil, o que acabou por colocar em pane todo o sistema telefônico, afetando 99% das 450 mil linhas convencionais e das 75 mil celulares da cidade.
Esse lamentável episódio prova duplamente a necessidade de agilizar a entrada do setor privado no que já foi o monopólio estatal da telefonia. De um lado, a demanda por linhas celulares revela a urgência da ampliação da oferta, algo para o que o Estado não tem recursos e que não é uma prioridade diante de áreas como saúde e educação.
De outro lado, a obsolescência e precariedade do atual sistema, que tornou a capital federal incomunicável devido a um aumento de chamadas, põe a nu os inconvenientes dos serviços monopolizados. São Paulo também vem sofrendo uma série de panes.
Felizmente a barreira constitucional à quebra do monopólio já foi derrubada. O que importa agora é fazer com que os investimentos na área da telecomunicação cheguem o mais depressa possível. Na era da informação instantânea via Internet, o Brasil não pode correr o risco de ter seus telefones paralisados.

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