São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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Arquivo tem 300 mil manuscritos

AURELIANO BIANCARELLI
DO ENVIADO ESPECIAL

Os documentos sobre o Brasil ocupam mais de um quilômetro de prateleiras do Arquivo Histórico Ultramarino.
São 1.995 gavetas de aço pintadas de verde e dezenas de códices, documentos reunidos em forma de livro, protegidos por pele de carneiro.
Estima-se que no arquivo estejam 300 mil manuscritos e ilustrações sobre o país. Outros 200 mil documentos estariam em vários museus portugueses.
O Arquivo Ultramarino reúne documentos da seção ultramarina da Biblioteca Nacional de Lisboa e os papéis do Ministério das Colônias. O Conselho Ultramarino, que assessorava a administração das colônias, guardava em Lisboa cópia de cada documento enviado ou recebido de além-mar.
No arquivo estão papéis sobre o Brasil do início do século 16 ao século 19.
Parte dos documentos estão catalogados, mas muitos ainda estão por ser lidos.
Em 1988, o professor Caio Boschi, da PUC de Belo Horizonte, recebeu financiamento do CNPq (Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para catalogar documentos referentes a Minas.
Boschi contratou uma equipe de cinco especialistas portugueses, que passaram quatro anos lendo e inventariando os papéis. Os verbetes já estão informatizados na PUC mineira.
Graças a esse trabalho, ``os documentos de Minas começam a ser microfilmados na próxima semana", diz José Aparecido, mineiro, ex-ministro da Cultura e ex-embaixador em Lisboa.
Esther Bertoletti, que coordena o ``resgate" dos documentos brasileiros, diz que a intenção é buscá-los também em outros museus europeus. Boschi diz que há manuscritos inéditos sobre o Brasil em vários arquivos portugueses.
``Só no Arquivo da Casa da Moeda-Imprensa Nacional de Lisboa existem mais de mil cadernos de bordo de capitães das naus que faziam a rota Portugal-Brasil entre os séculos 17 e 19", diz. ``São informações virgens que podem mudar a história econômica do Brasil."
O Arquivo Ultramarino, por onde se inicia a microfilmagem, está instalado desde 1929 no palácio dos condes de Egas, na calçada da Boa Hora, na Ajuda. O prédio está em reformas e parte do acervo permanece amontoada. A diretora Maria Luisa Abrantes lembra que ``um incêndio ali causaria sérios estragos". ``Por isso mantemos um alarme ligado aos Bombeiros", tranquiliza.
Preocupados, até os moçambicanos já microfilmaram sua parte de papéis do arquivo.
(AB)

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