São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Entenda a intervenção no Banespa

DA ENVIADA ESPECIAL

O Banespa é o maior dos bancos públicos estaduais e foi criado nos anos 20. O Estado é o acionista majoritário -o Tesouro estadual paulista controla 66,7% das ações com direito a voto.
Os funcionários detêm 13,9% das ações votantes e o restante (19,4%) está distribuído entre acionistas privados.
Em 30 de dezembro de 1994, dois dias antes da posse do governador Mário Covas (PSDB), o Banespa sofreu a intervenção federal do Banco Central.
A intervenção foi decretada porque naquele dia o banco precisou R$ 6,1 bilhões para fechar o caixa. Conseguiu emprestar R$ 1,89 bilhão no mercado, por meio de CDI (Certificado de Depósito Interbancário) -um tipo de cheque especial de bancos para o sistema financeiro.
O mercado não ofereceu o restante do dinheiro para o Banespa, que recorreu, então, para o redesconto do BC -uma linha de financiamento para bancos- para emprestar R$ 4,22 bilhões. O movimento daquele dia não chegava a ser uma surpresa.
O Banespa vinha tendo dificuldade de se financiar no mercado havia alguns meses, mas, em dezembro, sua necessidade de recursos do redesconto cresceu.
O BC avaliou as garantias que o banco oferecia em pagamento aos empréstimos do redesconto e as considerou insuficientes. Resolveu então decretar a intervenção. É o mesmo que dizer que o acionista controlador não tem mais capacidade de gerir o seu negócio.
Naquela época, a dívida do Estado de São Paulo para com o banco era de R$ 9 bilhões. Hoje, em função das altas taxas de juros praticadas no mercado interno, este montante chega a R$ 13,5 bilhões. O Estado não aumento a dívida do banco, mas deixou de pagá-la.
Pelo menos 30% do valor da dívida estadual com o Banespa se refere à operações de ARO (Antecipação de Receita Orçamentária) feitas em 1990 (fim do governo Orestes Quércia, PMDB), segundo o BC. Com isso, o governo gasta os recursos dos impostos antes que os contribuintes paguem.
A expectativa agora é de incluir parte da dívida do Estado com o Banespa na renegociação global da dívida estadual com a União.

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