São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Incesto pode salvar índios da extinção
MARIO CESAR CARVALHO
Na Bíblia, impasse similar acabou em incesto. Ló, sobrinho de Abrahão, sobrevive com as duas filhas à destruição de Sodoma e Gomorra. As filhas embebedam Ló e se deixam engravidar para não extinguir a tribo. Está no Gênesis. Entre os avá, a decisão é tão grave quanto a história de Ló. Incesto para os tupi, macrogrupo ao qual pertencem os avá, é punido com pena de morte. Pelo menos uma vez os avá mandaram o tabu às favas. Tatia, uma avá do grupo de Tocantins, diz que teve uma filha de seu pai. A criança morreu. ``Acho que Trumack e Potdjawa não vão se casar", arrisca a antropóloga Eliana Granado, 41, que pesquisa o grupo desde 1987. ``Nenhum povo do mundo pratica incesto, é o que diferenciou o homem do macaco", diz o antropólogo Mércio Gomes, 43, presidente do Instituto de Pesquisas Antropológicas do Rio. O que é certo, para Gomes, é que os avá são ``o caso mais grave no Brasil de grupo indígena em extinção." Texto Anterior: Folha promove encontro sobre jornalismo Próximo Texto: Mulher dirige os seis sobreviventes de Goiás Índice |
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