São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Líderes de doações se dizem independentes

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As prestações de contas apresentadas pelos candidatos de 13 Estados na eleição passada revelam um grupo de 27 parlamentares que chegaram ao Congresso gastando mais de R$ 350 mil em suas campanhas.
O recordista da lista é o atual ministro do Planejamento, José Serra, eleito senador pelo PSDB de São Paulo.
Serra declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter gasto R$ 1,9 milhão -o equivalente a 15 anos de salário como senador, ou seja, dois mandatos).
``Não faz sentido comparar custos de campanha sem levar em conta o número de eleitores de cada Estado", disse o ministro.
Para o ministro, eleito senador com 6,4 milhões de votos, não há qualquer comprometimento com os interesses dos seus financiadores. ``Quem me apoiou o fez pelas minhas idéias e pela minha capacidade de trabalho", disse.
O primeiro colocado na Câmara, o deputado Jurandyr Paixão (PMDB-SP), se diz um homem rico, que gastou tanto quanto a Justiça Eleitoral permitiu. ``Não tem como escapar desse custo", afirma. Sua campanha saiu por mais de R$ 580 mil.
Paixão tem um argumento defendido pela maioria dos integrantes da lista dos que mais gastaram. Seus gastos parecem altos porque ele teria declarado todo o custo da campanha, como manda a lei.
"Não gastei nenhum tostão a mais do que declarei ao TSE", diz o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), outro integrante do grupo. Marquezelli diz que viu ``campanhas milionárias" sem registro no tribunal.
"Esse é um custo realista e honesto de uma eleição para a Câmara por São Paulo", calcula o deputado Jorge Tadeu Mudalen (PMDB-SP). ``Quem diz que faz campanha com menos está mentido", desafia Mudalen, que gastou R$ 427,7 mil.
Só há uma chance de o preço da candidatura cair, segundo Mudalen: quando o candidato é proprietário de canais de rádio ou televisão ou tem redutos eleitorais.
"Empreiteiros e banqueiros financiam todo mundo e não há nada demais se o financiamento não implicar retribuição futura", sustenta o líder do governo, deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
``Que retorno eles podem ter com um Congresso como este que não vale nada?", questiona o deputado Delfim Netto (PPB-SP). Na avaliação do deputado ``o Legislativo pertence ao Executivo".

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