São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Orçamento é o principal alvo

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ação das empreiteiras sobre o Congresso ocorre principalmente na Comissão Mista de Orçamento. As 30 maiores empreiteiras investiram R$ 26 milhões nas eleições de 13 Estados.
Até setembro deste ano, já receberam ordens bancárias num total de R$ 120,9 milhões do governo federal, segundo registra o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira).
A empresa que mais investiu nas eleições, a Andrade Gutierrez, com R$ 8,3 milhões, recebeu neste ano R$ 45 milhões. A Odebrecht investiu R$ 3,6 milhões e recebeu R$ 14,4 milhões (11%).
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Marcos Villela de Sant'Anna, reconhece que há interesse das empreiteiras em influir nas decisões da Comissão de Orçamento.
Ele afirma que a forma legal de conseguir recursos para tocar obras é por meio da Comissão de Orçamento: ``Quem vai fazer a emenda? É o parlamentar. Nós vamos lá e prestamos informações".
Durante a elaboração do Orçamento, os gabinetes dos deputados e relatores setoriais são frequentados por lobistas. O ex-deputado Valdomiro Lima (PDT-RS), que foi sub-relator do Ministério dos Transportes, confirma o assédio.
``Seria hipocrisia dizer que essas pessoas jamais foram ao meu gabinete. Lá entravam empresa, lobista, padre, freira, sem-terra, com-terra. Mas eu decidia de acordo com os interesses do país."
Parte do interesse das empreiteiras nas eleições estaduais está na liderança dos governadores sobre as bancadas no Congresso.
Lima diz: ``Os governadores têm bancadas. Há parlamentares que dependem dos governadores para atender as suas regiões e devem contrapartida".
O lobby das empresas prossegue no DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem). A agenda do presidente do órgão, Tarcísio Delgado, mostra 68 audiências a representantes de empreiteiras até setembro.
No mesmo período, Delgado concedeu 141 audiências a deputados e senadores. O presidente do DNER considera normal este assédio.

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