São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Venda não pacifica a família

FREDERICO VASCONCELOS
DO EDITOR DO PAINEL S/A

A operação entre o Bradesco e a Cofap não conseguiu pacificar ou reaproximar a família Kasinski.
Durante toda a negociação, nenhum dos Kasinski manteve comunicação direta com a parte contrária, nem por telefone. Houve um clima de desconfiança geral.
Advogados que cuidavam de ações na área familiar foram orientados a não conversar com advogados da operação societária.
Para aumentar a ansiedade dos envolvidos, choveu na sexta-feira, 15 de setembro, dia em que foram assinados os papéis, impedindo os deslocamentos de helicópteros entre a Cofap, em Santo André, e o Brasilinvest, em São Paulo.
Às 8h, na sede da empresa, o conselho de administração aprovou os termos do acordo que viria a ser firmado horas depois, a 20 quilômetros dali, na sede do Brasilinvest, na região dos Jardins.
O objetivo da reunião do conselho -com a presença de Nelson e Leon- era aprovar com antecedência o que seria ratificado em assembléia.
Às 10h, 17 advogados ocuparam uma longa mesa no 19º andar do edifício do Brasilinvest. Dois tabeliães ficaram à disposição.
Uma sala especial foi reservada para representantes do Bradesco.
Em dependências separadas, os Kasinski eram consultados por Ochman e por Woiler sobre cada item, depois de ouvidos os advogados (Abraham e Leon ficaram numa sala, dona Balbina e os filhos, Roberto e Renato, com as respectivas mulheres, em outra).
Às 19h30, o acordo foi aprovado. Mas ainda faltava a assinatura de Nelson, sobrinho de Abraham, que só quis firmar os documentos na sede do Bradesco, em Osasco, a 12 quilômetros dali. Coube a Woiler e Ochman colherem essa última assinatura.
Finalmente, no dia 22 de setembro, houve a transferência das ações. A tensão já era menor.
A presença do Bradesco na Cofap é parte da atual estratégia de investimentos do banco, participando de forma minoritária do capital de grupos industriais.
Para a Cofap, a entrada desse sócio de peso é um aval considerável. A indefinição sobre o controle da companhia, por causa das brigas internas, dificultava a empresa, pois operações financeiras de maior porte dependiam de aprovação dos acionistas em litígio.
(FV).

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