São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Medo da volta da inflação limita correção do câmbio

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma desvalorização mais forte do real frente ao dólar daria novo fôlego à inflação. Por isso que, na política cambial, o Banco Central prefere pecar pelo excesso, ou seja, manter o real valorizado.
Em grande medida isso ocorre porque os oligopólios (grandes produtores com poder de determinar suas próprias margens de lucro) fixam seus preços de acordo com o câmbio, segundo mostra estudo da MB Associados (veja quadro abaixo).
Segundo o estudo, na maior parte do tempo o preço dos oligopólios reage, com uma certa defasagem temporal, seguindo os movimentos do câmbio.
Para o ex-ministro do Planejamento Mário Henrique Simonsen, ``não há a menor dúvida de que um ajuste no câmbio teria um impacto inflacionário".
A principal questão, para o economista, é: ``Por que ajustar o câmbio? Não há razão para isso".
Já o economista Aloísio Mercadante acredita que o atual momento por que passa a economia ``é a melhor hora de se ajustar o câmbio, por causa da inflação".
``É preciso aproveitar os baixos índices que têm sido registrados para acelerar as desvalorizações do real", afirma.
Mercadante, no entanto, ressalva que esse ritmo mais forte no ajuste do câmbio deve ser feito sem que se crie um indexador.
``Caso isso ocorra, a economia pode voltar a se indexar como um todo e a inflação voltaria", afirma.
Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, é preciso acelerar as desvalorizações para se consertar um erro que foi cometido há meses, que foi ter deixado o câmbio se valorizar em excesso.
``O BC está ajustando câmbio e juros de tal modo que os investidores continuem ganhando cerca de 20% ao ano em dólar", diz.
O economista avalia que é preciso corrigir o câmbio para que ``as distorções não se acumulem ainda mais".

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