São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Recursos concentram-se no curto prazo

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

É surpreendente a forte concentração das aplicações no curto prazo nesses primeiros dias dos novos fundos de investimento. A avaliação é do ex-diretor do BC (Banco Central) Francisco Pinto.
O executivo está montando uma nova companhia do Unibanco (será seu presidente), que vai gerir os fundos de investimento.
Francisco Pinto diz que a preferência pelo curto prazo surpreende por duas razões.
Em primeiro lugar, não é segredo para ninguém, o rendimento do curto prazo foi sensivelmente reduzido com a criação de um compulsório de 40% (de cada R$ 100 aplicados, R$ 40 ficam depositados no BC, sem rendimento).
Em segundo, nos últimos dois meses, especialmente em setembro, os ``investidores já se preparavam para a nova estrutura de fundos, concentrando as aplicações nas alternativas que garantiriam liquidez (dinheiro disponível)".
Fábio de Oliveira, do Banco de Boston, acredita que a preservação desse ``colchão" é que explica a atual preferência dos investidores pelos FIFs de curto prazo.
``Aquele dinheiro (aplicado nos antigos fundos) só será gasto para alguma eventualidade."
Ambos concordam, porém, que o movimento dos últimos dias não é suficiente para mostrar a tendência futura dos aplicadores.
Embora cautelosos, Roberto Parente, do Bradesco, e o vice-presidente do Unibanco e da Anbid (associação que reúne os bancos de investimento), Cesar Sizenando, mostraram-se mais otimistas.
Sizenando diz que, em dois meses, os recursos aplicados nos FIFs de curto prazo devem somar ao redor de 25% dos recursos aplicados na indústria de fundos (hoje, estima, estão em 55%).
O grosso do dinheiro vai mesmo, como deseja o governo, migrar para os prazos mais longos. A única condicionante: o Plano Real continuar sendo bem-sucedido.
Citando o compulsório como uma exceção, o executivo elogiou a nova estrutura, que dá maior liberdade para o administrador do fundo.
A síntese da nova estrutura é a possibilidade aberta com a existência dos FACs (Fundos de Aplicação em Cotas dos FIFs).
Com os FACs, os bancos poderão aplicar recursos em fundos montados por outras instituições ou por eles mesmos, reduzindo os custos administrativos e aumentando o leque de opções de investimento, risco e rentabilidade.
Sizenando lembra que, agora, é possível que o investidor de um fundo de alto risco perca não só tudo o que aplicou, mas ser chamado para completar diferenças.
Só que o regulamento do fundo terá de explicitar as aplicações feitas e informá-las ao investidor, ``que terá de aprender a ser mais exigente e a cobrar performance", diz Sizenando. Administrador que não cumprir as regras pagará caro por isso.
(JCO)

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