São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Velloso sugere mais empréstimos
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Não será uma catástrofe, acredita. O aumento do endividamento servirá para tapar o buraco que a ``inflação civilizada" vai deixar aparecer nas contas públicas. É uma transição. O governo aumenta o endividamento -``que está baixo"- enquanto espera os efeitos das reformas estruturais (desde a tributária e administrativa até as privatizações). A âncora cambial (o dólar abaixo de um real) é ``um achado", considera Velloso. Ela segura a inflação em patamares civilizados e viabiliza o aumento do endividamento externo. Com o saldo zerado (exportações iguais às importações), vai sobrar um déficit da ordem de US$ 3,5 bilhões para ser financiado com o ingresso de recursos externos. ``Isso será feito ou pelo setor privado ou pelo governo. Eu proponho que seja pelo governo", diz. Velloso afirma que, cedo ou tarde, os bancos estrangeiros vão perceber que é melhor emprestar para o governo do que para o setor privado. Essa lógica de crescimento do endividamento tem como contrapartida a necessidade de um alongamento do perfil da dívida (ou seja, os títulos emitidos têm de ter um prazo maior de maturação). Velloso concorda com os argumento de um dos presentes ao evento de que esse processo tem um limite. Segundo esse executivo, a lógica do ajuste concentra a renda no Estado. Logo, argumentou, a tendência é do chamado ``custo Brasil" (as ineficiências que tornam o produto brasileiro mais caro do que o feito no exterior) ficar maior. Nesse caso, as exportações seriam afetadas, reduzindo a disposição dos banqueiros de emprestar recursos ao Brasil. Velloso foi mais direto. ``Quem está pagando a conta do ajuste é mesmo o exportador." O consultor lembrou ainda que as contas só fecham se a taxa de juros recuar -como está operando o governo. ``Com esse juro não há como fechar essa conta." (JCO) Texto Anterior: Superinflação reduziu a dívida, diz consultor Próximo Texto: Carro mundial muda fábrica da Ford Índice |
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