São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Quem é Roberto Schwarz
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Sob forte influência do crítico húngaro Georg Lukács, marxista de carteirinha e um dos grandes teóricos do romance realista europeu, os ensaios tratavam de autores clássicos como Dostoiévski e Kafka. Havia o bloco dedicado a autores brasileiros, hoje visto pelo crítico como uma tentativa equivocada de aclimatar as lições de Lukács a uma literatura que não poderia ser iluminada pelos mesmos esquemas aplicados ao romance europeu. É também de 65 a primeira exposição do esquema que Schwarz iria desenvolver para analisar a obra de Machado de Assis. Através de seminários feitos para seu mestre Antonio Candido, de quem era assistente na USP, Schwarz esboçou o que iria aprofundar em seu próximo livro, ``Ao Vencedor as Batatas", de 1977. O ensaio ``As Idéias Fora do Lugar", que abre o livro, foi publicado originalmente em 1973. Em 1978, o crítico publica seu segundo volume de ensaios, ``O Pai de Família e Outros Estudos", misturando textos sobre literatura, crítica cultural e de intervenção política. Os trabalhos de maior fôlego, neste volume, são ``Cultura e Política" 1964-69", escrito entre 1969 e 1970, e ``Sobre as `Três Mulheres de Três Pppês'", de 78, em que analisa o único livro de ficção do crítico Paulo Emílio Salles Gomes. Em 1987, Schwarz lança ``Que Horas São?", outro volume de ensaios, misturando crítica literária e textos diretamente engajados na política. É deste livro o ensaio ``Nacional por Subtração", em que o autor retoma seu grande tema -os meandros, ciladas e desencontros a que estão submetidas a vida intelectual e ideológica numa nação periférica. O principal livro de Roberto Schwarz, espécie de testamento intelectual amarrando mais de 20 anos de neurônios queimados em cima de Machado de Assis, é ``Um Mestre na Periferia do Capitalismo" (90). O livro, balanço de toda obra anterior do autor, tem como nervo central a análise das ``Memórias Póstumas de Brás Cubas", de onde Schwarz retira o principal de seus argummentos. No próximo ano, o crítico deve lançar um novo volume de ensaios, do qual deve fazer parte o texto que o ``Mais!" publica hoje. Texto Anterior: UM SEMINÁRIO DE MARX Próximo Texto: Uma intuição poderosa Índice |
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