São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Holding do grupo OAS distribuiu quase R$ 2 mi a candidatos em 94

GABRIELA WOLTHERS; OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A empreiteira OAS utilizou a holding do conglomerado, World Participações Ltda., que controla as empresas do grupo, para distribuir R$ 1.978.881,00 a políticos nas eleições de 1994.
A OAS, excluída a World, aparece como responsável por doações de R$ 2.805.151,00.
Com isso, o conglomerado da OAS registrou gastos de R$ 4.784.032,00 na última campanha eleitoral, de acordo com as prestações de contas oficiais enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral.
Com a junção da OAS à World Participações, o grupo passa a ocupar o terceiro lugar no ranking dos maiores financiadores da campanha de 1994 em 13 Estados.
O ranking, publicado ontem pela Folha, abrange as eleições para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.
A OAS ocupava o sexto lugar, e a World Participações, o décimo. A união faz com que o grupo ultrapasse os bancos Bradesco (R$ 4,21 milhões) e Itaú (R$ 3,99 milhões) em recursos doados, ficando abaixo apenas da construtora Andrade Gutierrez (R$ 8,37 milhões) e do Grupo Odebrecht (R$ 7,51 milhões).
A informação de que a World Participações é a holding do Grupo OAS foi confirmada pela assessoria de imprensa da empreiteira e comprova a tática dos grupos empresariais de dividir as doações de campanha entre suas empresas.
Além da World Participações e da própria OAS, o conglomerado também utilizou a construtora Coesa, que faz parte do grupo, para distribuir recursos a políticos.
O governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), por exemplo, recebeu R$ 407,4 mil da World Participações.
Mas o grupo OAS também contribuiu com R$ 343,5 mil -R$ 177,5 mil foram doados pela Coesa, e R$ 166 mil chegaram aos cofres de Souto em nome da empreiteira OAS.
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), não recebeu recursos diretos da construtora OAS. Isso não significa, no entanto, que foi esquecida pelo grupo.
Sua campanha obteve R$ 128 mil do conglomerado -a World Participações contribuiu com R$ 84 mil, e a Coesa, com R$ 44 mil.
As prestações de contas do governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto (PMDB), não registram doações nem da empreiteira OAS, nem da construtora Coesa, mas a World Participações aparece com contribuições oficiais da ordem de R$ 45 mil.
A World Participações também contribuiu para candidatos que acabaram não sendo eleitos. A maior doação da holding foi para Orestes Quércia (PMDB), derrotado na disputa pela Presidência.
Ele recebeu R$ 885 mil da holding. O vitorioso, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), não recebeu recursos da World. Mas a OAS doou R$ 445 mil para sua campanha.
(Gabriela Wolthers e Olímpio Cruz Neto)

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