São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Falência não é o fim de tudo

MARCELO CHERTO

Alguns dos ex-franqueados da Eureka encontraram uma forma de sair da sinuca de bico na qual foram colocados pela decretação da falência de sua franqueadora.
Uniram-se e formaram uma associação, a Afel (Associação dos Ex-Franqueados da Eureka Lavanderia), para lançar uma nova rede, a Lavaki, que congrega 31 lojas e, portanto, já começa como uma das maiores do Brasil.
Para criar uma imagem positiva, as lavanderias Lavaki estão com preços mais baixos do que os praticados pela Eureka.
Tudo indica que os ex-franqueados da empresa quebrada se inspiraram na experiência vivida, anos atrás, pelos integrantes da rede de pizzarias Straw Hat, da Califórnia, cuja franqueadora também foi à falência.
Os franqueados então se uniram e criaram uma cooperativa, que adquiriu da massa falida o único ativo de algum valor que a mesma ainda possuía: a marca Straw Hat.
Desde então, quem quer tornar-se um franqueado dessa rede adquire cotas da tal cooperativa, passando a ser, ao mesmo tempo, franqueador e franqueado. E ainda há quem acredite na balela de que gringo não é criativo.
Como acontecia antes no esquema Eureka, as franquias Lavaki continuarão a atuar como meras "captadoras de serviços", não fazendo elas próprias a lavagem.
Só que os sócios da Afel decidiram não repetir os erros da sua ex-franqueadora, que mantinha usina central própria em Minas, para onde eram levadas todas as roupas a serem lavadas, não importando se vinham de Belo Horizonte, São Paulo ou de onde fosse.
Em vez desse esquema verticalizado, que levou a empresa a perder seu foco (o que, aparentemente, está na base dos problemas que culminaram na decretação da falência), a Afel preferiu "terceirizar" a lavagem com cinco empresas diferentes, cada uma especializada em um tipo de serviço.
Além disso, continuam com os convênios com empresas como a Kodak, para que as franquias Lavaki sigam coletando filmes a serem revelados e, posteriormente, devolvam-nos já processados a seus clientes.
Espero que dê certo, criando, assim, um precedente interessante e um ponto de referência para os franqueados de outras redes cujas franqueadoras venham a dançar.
Sim, porque estimo que algumas empresas franqueadoras, inclusive uma ou outra de prestígio, que não estão preocupadas em se adaptar aos novos tempos, em profissionalizar suas operações, vão acabar caindo no mesmo buraco da Eureka. Quem viver, verá.

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