São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Aconteceu só o imprevisto em Caxias

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

É bem verdade que o amigo pode contra-argumentar: ``Puxa! O Palmeiras, então, tinha o jogo inteiro para reverter o placar".
Tinha, mas, ao invés de armar-se de serenidade e calma para controlar a situação adversa, caiu numa pegajosa abulia.
Parte, como consequência da severa e bem treinada marcação do Juventude, estimulado ainda mais pelo desejo de deixar claro a todos que, nas veias de seus jogadores, corre sangue com textura de vinho de Caxias, não leite e mel.
Parte, porque já entrou em campo com um aviso colado ao lado da escalação: 1 a 0, pra nós, tá bom demais. Sim, porque só essa expectativa justificaria a formação com que o Palmeiras entrou em campo: quatro volantes (Mancuso, Amaral, Flávio Conceição e Cafu), um meia (Rivaldo) e um fluido atacante (Muller).
E veja que não foi por falta de advertência: afinal, quando o Palmeiras resolveu entrar em campo, em Caxias do Sul, a bola já rolava em Vitória, toda fagueira aos pés do Cruzeiro, que metia logo de cara 1 a 0 no Flamengo, que, por sua vez, dava sinais de que não continuava o mesmo. Ora, a partir daí, a feitura de gols passava a ser questão mais prioritária para o Palmeiras do que uma simples vitória. Perdendo de 1 a 0, então...
Então, urgia a entrada em campo de Paulo Isidoro e de Nílson. Paulo Isidoro, para cumprir as funções de Edilson, que não podia jogar: disparar lépido pela meia direita, em jogadas pessoais e de velocidade, conferindo um mínimo de agitação ao apático e burocrático meio-campo palestrino.
E Nílson para fixar-se entre os zagueiros, a fim de prendê-los lá atrás e de tentar aproveitar as bolas cruzadas em vão para a pequena área, sobretudo por Cafu. Este iria para a lateral direita, enquanto Flávio Conceição passaria para a lateral esquerda.
Sei bem que tudo isso foi tentado. E ainda mais, com a entrada de Alex Alves. Mas tudo muito tarde, já quando o Palmeiras sucumbia à marcação implacável do adversário e as energias eram drenadas pela ausência de um mínimo de criatividade na zona de armação.

Já o São Paulo tinha uma missão quase impossível. E quase chegou lá. Isto é: enquanto o Fluminense empatava em Belo Horizonte com o Atlético, o tricolor daqui, no Morumbi, dominava os espaços, a bola e o espírito do jogo, contra o Inter.
Perdeu Cerezo logo no comecinho da partida, mas não se ressentiu. Ao contrário: encorpou-se com a entrada de Donizete. Fez 1 a 0, meteu bola na trave, perdeu um gol feito e tomou o empate, no finzinho do primeiro tempo. Voltou com tudo, perdeu mais duas chances claras e deixou no campo a marca de um time que ainda preserva aquele traço interior de grandeza. Resumindo: entre campeões e candidatos, apenas o Cruzeiro cumpriu integralmente sua missão. E com louvor.

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