São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995 |
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``Aula ecumênica não existe'
ANTONINA LEMOS
Representantes de outras religiões pensam como ele e acham difícil que o ensino fale com imparcialidade sobre todas as crenças. Os religiosos temem que o catolicismo seja privilegiado. ``No Brasil existe uma grande pluralidade religiosa. É muito difícil falar sobre todas. E falar sobre só uma religião seria um desrespeito à Constituição, que garante a liberdade da fé", diz Ivan Galvão, do Centro de Divulgação Islã para a América Latina. A Federação Israelita de São Paulo também é contra. Segundo Roberto Milkewies, diretor institucional da Federação, a obrigatoriedade do ensino religioso desrespeita as minorias. ``Somos contrários a essa obrigatoriedade porque queremos garantir o direito de todas as minorias, muitas crenças ficarão de fora", diz. Ogan Gilberto Ferreira, do centro de Candomblé Ilê Iya Mimesum, também não gostou das aulas de religião. ``Somos viceralmente contra qualquer tipo de aula de religião. Religião é uma coisa de foro íntimo. As seitas sincréticas ficarão de fora." A Igreja Católica discorda e é ``completamente favorável" ao ensino religioso nas escolas. ``Não pensamos em um ensino dogmático. As aulas têm de falar de ética e cidadania", diz o padre José Bizol, coordenador da Comissão de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidioscese de São Paulo. Ele acha que as aulas devem ``dar uma bagagem espiritual para que os estudantes pratiquem as religiões, seja quais forem." Segundo ele, os adolescentes de hoje sentem ``sede de Deus". ``Não cabe à escola pública essa obrigação. A responsabilidade pela divulgação da religião é da própria igreja", diz Roberto Felício, presidente da Apeoesp. Texto Anterior: Escolha de carreira preocupa Próximo Texto: Palestra, aqui, tem frango e batata frita Índice |
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