São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995 |
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Péssimo exemplo A vida do estudante não é fácil. O português das rua é uma catástrofe. Os anúncios e placas das cidades contêm tantas barbaridades que, nas ruas, bebe-se necessariamente água de ``côco", assiste-se a ``Nú' em Nova York" e vai-se a um restaurante de ``cosinha chineza". Também nos jornais, apesar de seus esforços para combater os erros, ainda há muito a caminhar. A lucrativa indústria em que se tornou o mercado de livros didáticos fez com que muitas obras de péssima qualidade passassem a circular. É bem verdade que existem uns poucos bons títulos. Para aperfeiçoar a língua, o melhor é ler uma boa obra preparada por uma editora séria. É claro que não há a garantia de não haver erros. Como escreveu Horácio, na tentativa de explicar que até os melhores escritores erram: ``Quandoque dormitat bonus Homerus" (até o bom Homero cochila às vezes). A impossibilidade de evitar por completo o erro, porém, não exime grandes universidades paulistas de prestar um pouco mais de atenção à elaboração de seus manuais de exames vestibulares. A Fuvest, por exemplo, considerando-se variáveis permitidas pela hermenêutica linguística, cometeu cerca de 80 erros. Deixou passar ``quizer" e ``deslisamentos". A Unicamp, que fez uns 20 erros, ignora a diferença entre ``onde" e ``aonde" e comete isto: ``...será considerada apenas o grupo...". A honrosa exceção é a Unesp, que não chegou a cometer nenhum erro, mas tomou a liberdade de aportuguesar a palavra ``câmpus", o que torna impossível distinguir o singular do plural. É evidente que os candidatos que seguirem os exemplos de alguns dos manuais não se sairão bem nas provas. É preciso que grandes universidades paulistas prestem um pouco mais de atenção à língua, cujo conhecimento, afinal, elas vão cobrar dos candidatos. Texto Anterior: Moedas podres Próximo Texto: Cuba Índice |
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