São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Cuba

O relaxamento do embargo a Cuba, anunciado sexta-feira pelo presidente dos EUA, é um passo positivo, ainda que tímido, no sentido de eliminar um dos últimos anacronismos da Guerra Fria.
Por três décadas Cuba teve o peso simbólico de um embate que mantinha em tensão o mundo. Hoje, é apenas uma pequena e pobre ilha do Caribe.
De utilidade duvidosa como pressão contra a ditadura do país, o impedimento de comércio e os obstáculos generalizados a quaisquer tipos de intercâmbio prejudicaram basicamente a população cubana -e não impediram que Fidel Castro esteja no poder até hoje.
As limitações impostas pelo embargo geram insatisfação na ilha, é verdade. Mas o bloqueio deu ao governo de partido único o argumento -explorado à exaustão- de que todos problemas vinham de fora. A teoria de que Cuba ``exportaria" a revolução, ademais, tampouco confirmou-se na prática. No cômputo geral, o isolamento pode ter mesmo favorecido o regime.
Parece mais realista a nova estratégia de Clinton de apostar que o intercâmbio e a maior integração da ilha ao Ocidente favorecem a democratização. A liberação do correio e do funcionamento de empresas jornalísticas de lado a lado, bem como a possibilidade de exportação de computadores, aparelhos de fax e copiadoras, podem estimular a troca de informações.
É apenas lamentável que a liberalização seja tão tímida. Os equipamentos só poderão ser importados por Organizações Não-Governamentais. E o bloqueio à venda de medicamentos e alimentos persiste.

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