São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Tirar identidade pode demorar até um mês

DA REPORTAGEM LOCAL

Depender do serviço público para tirar o documento indispensável para circular no Brasil é uma maratona que pode custar mais de três horas de espera em filas e semanas de expectativa em casa.
Esse é o caso da emissão de carteiras de identidade no principal posto de atendimento no Estado de São Paulo, próximo à av. Cásper Líbero, no centro de São Paulo.
Na terça-feira passada, cerca de 170 pessoas eram obrigadas a esperar por mais de três horas em uma fila para ser enviadas a outras filas menores para, finalmente, dar entrada no pedido.
A promessa é que o documento saia em 15 dias, no máximo. Mas é comum encontrar pessoas reclamando de atrasos de um mês.
Na semana passada, o indiano Shabbir Solonki, recém-naturalizado brasileiro, corria o risco de perder uma viagem à Índia por causa do atraso na emissão do documento. Resignado, Solonki disse que o atendimento na Índia é ainda pior.
Nazaré Kechichian, delegado-adjunto no Instituto de Identificação Ricardo Daumt, órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública e responsável pela emissão de RGs em São Paulo, afirma que faltam recursos ``humanos e materiais" para agilizar o trabalho.
Outro documento indispensável para quem quer trabalhar, a carteira de trabalho, já pode ser tirado em São Paulo em apenas um dia. Mas é preciso acordar cedo para retirar uma senha, pois, apesar de os funcionários dos postos de atendimento estarem lá durante a tarde, eles se recusam a receber os interessados.
Na semana passada, a Folha procurou um desses postos após o almoço, e o funcionário, que se ocupava com a leitura de um jornal, informou que a emissão de carteiras -que ele mesmo fazia- só era permitida no período da manhã. Disse, de mau humor, que as regras eram aquelas.

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