São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Para mulheres, uma plástica só não basta

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

``Fazer" o nariz aos 50 anos, depois de conviver com ele adunco desde os 20, parece tão incrível quanto se submeter a um ``lifting" (cirurgia para esticar a pele do rosto) antes dos 30.
Acontece que a idade cronológica, na primeira cirurgia plástica, conta menos do que o aspecto psicológico. Se o resultado for bom, a mulher quer mais. Se for ruim, não desiste.
``Só a partir da segunda plástica fiquei satisfeita", lembra Regina Carvalho, 44 anos e ``muitas" plásticas. Quando fez a primeira, aos 21, ela tinha engravidado três vezes e estava 33 quilos mais gorda. Infeliz e ansiosa, Regina não teve paciência de fazer um regime antes de se submeter à cirurgia.``Saiu a barriga e ficou o resto", lamentou na época.
Isso não a desencorajou. Aos 24, ela operou o nariz. Pouco depois, repetiu em uma só cirurgia o abdômen e o nariz, colocou próteses nos seios e aproveitou para fazer um ``lifting". Por volta dos 30, ``puxou" as pálpebras.
Sua última plástica, no ano passado, livrou-a de novos excessos no busto, barriga e olhos. Ela se sente muito mais bonita hoje que aos 18 anos.``Pareço irmã de minhas filhas", afirma.
Regina pretende manter o que já fez, com cirurgias periódicas, e ``ir ajeitando o que for preciso". ``Daqui a uns cinco anos vou ter de fazer outro `lifting'. Depois vem a fase do pescoço", prevê.
Ela diz que só vai parar de fazer plásticas quando for irreversível. ``Chega um ponto em que não tem mais jeito", diz.
A consultora de marketing Vera Orleans, 50, não pensa assim. Ela esperou até a semana passada para resolver um problema de adolescência. ``Sempre quis `fazer' o nariz", afirma Vera, que tinha medo de ``dar algum revertério".
Agora que venceu o fantasma da primeira cirurgia e gostou do resultado, ela se anima para vôos maiores. ``Não espero mais. Quero fazer pálpebras e eliminar o que tiver de excesso pelo corpo."
Sem perda de tempo -nem medo-, a dentista Isabel Santana, 33, fez a sua primeira plástica aos 28 anos. Foi um ``lifting" para retirar ``bolsas" nas pálpebras superiores e inferiores e esticar um pouco a pele do rosto. Fez também uma lipoaspiração na mandíbula.
``Fiquei com a fisionomia de quem tirou férias", lembra. Isabel tem ``horror" à idéia de parecer velha e por isso começou cedo. Apesar de ter uma boa relação peso/altura (1,72 m, 62 kg), ela já pensa em fazer uma lipo nas ``sobras" e cirurgias de manutenção. ``É gostoso fazer plástica", diz.
Fazer plásticas pode ser gostoso, mas não é barato. O preço médio de um ``lifting", por exemplo, é R$ 4.000. O da cirurgia de nariz, R$ 3.000, e a dos seios, R$ 6.000. Uma lipoaspiração pode custar de R$ 1.500 mil a R$ 4.000.
Quem defende a plástica chega a falar em ``investimento". ``Muitas mulheres resolvem até problemas profissionais depois da plástica", diz o cirurgião Ouvídio Ramos, com a maior parte da clientela de mulheres entre 20 e 40 anos.
O exemplo mais conhecido de mulher que se deu bem na carreira e deve muito ao bisturi é a atriz americana Demi Moore, 31 (``Assédio Sexual"). Ela refaz o corpo cada vez que tem um filho (são três) e ainda volta para manutenção (já esteve na mesa de cirurgia pelo menos seis vezes).
Considerada uma das mulheres mais sexy do cinema, Demi pediu (e levou) US$ 12 milhões para participar do filme ``Strip Tease" -ainda inédito no Brasil.
Os motivos que levam as mulheres a fazer plásticas vão dos mais óbvios, como imagem e dinheiro, aos mais particulares.
A empresária Monserrat Coelho, 48, por exemplo, corre cinco quilômetros por dia e fez um ``lifting" aos 42 anos porque acredita que a corrida deixa a pele do rosto ``um lixo". ``Fazer plástica é uma questão de higiene", explica.

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