São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Jerusalém é problema mais `espinhoso'

JOSÉ ARBEX JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Judeus e palestinos afirmam que Jerusalém é a capital "una e indivisível" dos respectivos Estados.
Mas Jerusalém não é uma cidade simples. Está carregada de valores simbólicos, religiosos, culturais e psicológicos sedimentados ao longo de pelo menos três milênios -incluindo o surgimento e expansão do cristianismo.
"Não há a menor dúvida de que Jerusalém será a capital do Estado palestino, tal como estabelecido pela Declaração de Independência anunciada pelo Conselho Nacional Palestino, na Argélia, em 1988", afirma à Folha Musa Amer Odh.
Segundo ele, isso está assegurado pela Resolução 242 da ONU de 1967, que serve de base ao acordo de paz atualmente em curso.
A Resolução 242 determina a retirada de Israel de territórios ocupados em 1967, o que inclui a área onde está Jerusalém. Mas Israel não aceita essa interpretação. Alega, além disso, ter direitos históricos inalienáveis sobre a cidade.
Se a questão de Jerusalém é tão espinhosa, parece não haver mais grandes dúvidas quanto à formação de um Estado nacional palestino, que terá como base territorial a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Ao contrário, o desenvolvimento das conversações entre Israel e a OLP parece indicar que esse é o caminho "natural e irreversível".
A base dos entendimentos foi lançada em setembro de 93. Após meses de conversações secretas em Oslo (Noruega), o premiê israelense, Yitzhak Rabin, e Arafat assinaram a paz em Washington.
O acordo estabeleceu como objetivo a concessão de autonomia aos palestinos em Gaza e Jericó (cidade de 30 mil habitantes, no vale do rio Jordão), como etapa de um processo que, em cinco anos, estenderia o controle palestino aos territórios ocupados em 1967.
Em 25 de fevereiro de 94, um terrorista judeu fuzilou 29 fiéis muçulmanos na mesquita de Hebron. Em outras ocasiões, extremistas do Hamas mataram inocentes judeus com bombas colocadas em ônibus urbanos israelenses.
Em maio de 1994, finalmente, as tropas israelenses iniciaram sua retirada de Gaza e Jericó. Estava lançada a base para a criação da Autoridade Nacional Palestina, presidida por Arafat.
(JAJr)

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