São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Demitido passa a lavar carros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-funcionário público Adão Juvêncio dos Santos, 40, demitido no governo Collor, lava e toma conta de carros para sobreviver.
Santos virou há um ano ``flanelinha" do estacionamento do Conjunto Nacional, um shopping center de Brasília.
``Procurei trabalho, fazia uns bicos, mas para conseguir emprego fixo tem que ser por concurso. De cabeça branca, eu não arrumo mais nada", diz ele.
Santos operou tratores em um dos campos de pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de março de 79 até outubro de 90, quando foi demitido. Anistiado em 94, ele espera pela readmissão.
"O governo diz que não tem dinheiro, mas tem. Muita gente ganha muito e trabalha pouco. Se eu não voltar, o jeito é continuar aqui", afirma.
Ele conta que ``tira" em média R$ 300 por mês com as gorjetas e o dinheiro da lavagem dos carros e que sustenta a mulher e três filhos. ``Deveria estar ganhando R$ 500 na Embrapa", afirma Santos.
"O problema de guardar carros é que não é fixo, não tem INSS e eu não posso ficar doente. A gente vai comprando apenas o principal. Procurei emprego em outras fazendas, mas eles só pagam um salário mínimo", diz.

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